BMW avalia ampliar produção nos EUA em até 80 mil veículos para contornar tensões comerciais
A BMW está considerando ampliar a produção de sua fábrica em Spartanburg, nos EUA, em até 80 mil veículos por ano.

A montadora alemã BMW estuda aumentar significativamente sua produção na fábrica de Spartanburg, nos Estados Unidos, em até 80 mil unidades por ano. A iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla para manter a competitividade no mercado norte-americano e se antecipar a eventuais impactos de uma escalada nas tensões comerciais internacionais.
Durante uma teleconferência com analistas realizada nesta quinta-feira (data não divulgada), executivos da empresa detalharam os planos que estão sendo considerados para a planta localizada na Carolina do Sul. A medida também mira atender à crescente demanda por modelos da marca no mercado dos EUA, sem precisar repassar aumentos de custos ao consumidor no curto prazo.
Estratégia visa reduzir riscos em meio à guerra comercial
A possibilidade de ampliação da produção nos EUA vem em um momento de atenção redobrada por parte de montadoras estrangeiras com operação no país. O objetivo principal é minimizar riscos relacionados à política comercial dos Estados Unidos, especialmente diante das ameaças de aumento de tarifas sobre produtos importados.
Nos últimos anos, o governo americano tem adotado posturas mais protecionistas, o que levou empresas do setor automotivo a adotarem medidas preventivas para garantir o abastecimento e preservar margens de lucro. Ampliar a produção local é uma dessas respostas — e a BMW já estuda, inclusive, implementar novos turnos na fábrica de Spartanburg como forma de viabilizar esse aumento de capacidade.
A estratégia também visa manter a boa relação com autoridades norte-americanas, em um esforço conjunto do setor para evitar que novas tarifas sejam impostas a veículos e componentes estrangeiros.
Estoques garantidos e preços estáveis no curto prazo
Outro ponto destacado pela BMW durante a conferência foi o controle atual do estoque nos Estados Unidos. Segundo os executivos, a montadora mantém um volume suficiente para cerca de 30 dias, incluindo veículos e componentes essenciais para a produção.
Apesar do cenário desafiador, a empresa assegurou que manterá os preços estáveis da maioria dos modelos vendidos no país até o final de maio. Essa decisão deve preservar a atratividade dos veículos da marca para o consumidor norte-americano, ao mesmo tempo em que sinaliza confiança em sua capacidade de lidar com possíveis mudanças no ambiente regulatório.
Spartanburg: fábrica estratégica em zona de livre comércio
A fábrica de Spartanburg, localizada em uma zona de livre comércio, tem papel fundamental na logística e estratégia de exportação da BMW. Aproximadamente metade dos veículos produzidos na unidade são enviados a mercados internacionais, o que reforça sua importância no portfólio global da marca.
Graças ao regime especial da zona de comércio, as peças importadas utilizadas na montagem de veículos destinados à exportação não são tarifadas. Essa isenção oferece um alívio financeiro importante para a montadora, especialmente em tempos de volatilidade cambial e instabilidade nas relações comerciais.
Além disso, a fábrica já se consolidou como um dos principais polos de produção da marca fora da Alemanha, responsável por modelos como o BMW X3, X5 e X7 — todos com grande aceitação tanto no mercado americano quanto no exterior.
Resultados da BMW serão divulgados em maio
As declarações da montadora ocorreram antes do chamado “período de silêncio” que antecede a divulgação dos resultados financeiros da empresa. A publicação do balanço anual está marcada para 7 de maio, e deve trazer mais detalhes sobre o desempenho da empresa no último ano, bem como projeções para os próximos trimestres.
Analistas do setor acompanham de perto os movimentos da BMW, especialmente após a confirmação de que a empresa não pretende reajustar seus preços imediatamente, o que pode pressionar a concorrência em um mercado cada vez mais competitivo.