Em um novo capítulo da já longa guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, a China impõe tarifas sobre produtos dos EUA, elevando as taxas de 84% para 125%. A medida, anunciada nesta sexta-feira (11) pela Comissão Tarifária do Conselho de Estado chinês, surge como uma resposta direta ao recente aumento das tarifas por parte do governo norte-americano, que chegou a aplicar até 145% sobre produtos chineses.

A ação marca mais um momento de escalada na disputa tarifária entre Pequim e Washington, reacendendo o alerta no mercado internacional sobre os impactos no comércio global, especialmente em setores como tecnologia, automóveis e energia renovável.

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China impõe tarifas sobre produtos dos EUA em retaliação a novas medidas de Washington

A decisão da China foi comunicada por meio de nota oficial do governo, e tem como foco principal bens de alto valor agregado originários dos Estados Unidos. O anúncio deixa claro que a China pretende defender seus interesses econômicos e comerciais de forma firme, mas também sinaliza disposição para evitar uma escalada descontrolada no conflito tarifário.

Segundo o Ministério do Comércio chinês, o aumento sucessivo das tarifas norte-americanas transformou-se em um “jogo de números” sem propósito econômico efetivo. Em um tom crítico, o porta-voz da pasta declarou que os EUA utilizam tarifas como ferramenta de intimidação e coerção, comportamento que, segundo ele, se tornou uma “piada”.

Apesar da retaliação, o comunicado do governo chinês indica que o país não pretende ultrapassar os 125% em tarifas, desde que não haja novas provocações de Washington. Caso os Estados Unidos intensifiquem as sanções ou prejudiquem de forma significativa os interesses chineses, Pequim promete novas contramedidas: “Se os EUA persistirem em prejudicar substancialmente os interesses da China, tomaremos as medidas necessárias e lutaremos até o fim.”

Xi Jinping comenta pela primeira vez a guerra comercial com os EUA

No mesmo dia do anúncio das tarifas, o presidente da China, Xi Jinping, se pronunciou publicamente sobre o tema pela primeira vez. Durante uma reunião com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em Pequim, Xi afirmou que a China “não tem medo” da guerra comercial com os EUA.

O líder chinês reforçou a mensagem de que seu país se desenvolveu nas últimas sete décadas com base na autossuficiência e no esforço contínuo do seu povo, e não por meio de concessões externas. “Nunca dependemos de esmolas de terceiros e não tememos nenhuma repressão injusta”, declarou Xi, segundo a emissora estatal CCTV.

Ele também criticou o isolacionismo de certas potências globais, sem mencionar diretamente os Estados Unidos: “Não há vencedores em uma guerra comercial. Ir contra o mundo só levará ao autoisolamento.” Xi concluiu afirmando que a China continuará firme, confiante e dedicada a administrar bem seus próprios assuntos, independentemente das pressões externas.

Guerra comercial pode afetar setores estratégicos e economia global

A medida adotada pela China reacende preocupações nos mercados globais sobre os desdobramentos da guerra comercial. Setores como semicondutores, veículos elétricos e produtos agrícolas estão entre os mais impactados pelas novas tarifas. Empresas multinacionais que atuam nos dois mercados também enfrentam incertezas quanto ao futuro de seus investimentos e cadeias de produção.

Os recentes embates tarifários entre os dois países fazem parte de uma disputa mais ampla por hegemonia tecnológica, influência geopolítica e liderança no comércio internacional. Desde 2018, quando o ex-presidente Donald Trump iniciou a imposição de tarifas sobre produtos chineses, as relações comerciais entre os dois países vêm oscilando entre tentativas de negociação e novas ofensivas.