GPA (PCAR3): ação sobe após pedido de mudança no conselho e potencial alteração no controle
As ações do GPA (PCAR3) saltaram 13,60% após o fundo Saint German, controlado por Nelson Tanure, solicitar a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para destituir o atual conselho de administração.
GPA (PCAR3): ação sobe após pedido de mudança no conselho e potencial alteração no controle
O GPA (PCAR3) viu suas ações dispararem 13,60% após a notícia de que o fundo Saint German, controlado pelo investidor Nelson Tanure, solicitou a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE). O objetivo é destituir o atual conselho de administração e eleger um novo colegiado. Essa mudança pode representar um ponto de inflexão para a empresa, com impactos significativos em sua estrutura e estratégia futura.
GPA: o pedido de mudança e o impacto no conselho
Na última segunda-feira (31), o GPA (PCAR3) anunciou que aceitou o pedido de Nelson Tanure, acionista com 10% da companhia, para convocar uma AGE. O pedido visa dissolver o conselho de administração atual e eleger um novo grupo de diretores para um mandato de dois anos. Esse movimento ocorre em um momento crucial para o GPA, que está enfrentando desafios financeiros, incluindo uma alta alavancagem e a necessidade de melhorar sua eficiência operacional.
As ações do GPA reagiram positivamente ao anúncio, saltando 13,60%, alcançando a marca de R$ 3,09 na sessão pós-comunicado. A mudança no conselho pode trazer uma nova visão para a empresa, com foco na redução de custos e despesas, além de estratégias para diminuição da alavancagem.
Nelson tanure e a potencial mudança de controle do GPA
Nelson Tanure, conhecido investidor e controlador do fundo Saint German, já teria alinhado um acordo com Ronaldo Iabrudi (acionista com 6% do GPA) e o Grupo Casino (detentor de 22,5% da companhia) para aprovar a nova composição do conselho. O que torna essa situação ainda mais interessante é a possibilidade de mudança de controle do GPA. Isso ocorre porque o Grupo Casino já declarou sua intenção de vender sua participação na companhia, e Tanure parece estar interessado em adquirir essa fatia, o que poderia garantir o controle da empresa.
Esse movimento também pode abrir caminho para uma possível fusão entre o GPA e o Dia Brasil, rede adquirida por Tanure em 2024. A fusão ajudaria a reduzir os riscos da expansão do GPA, especialmente em um cenário de alta alavancagem e taxa de juros elevada.
JPMorgan também observou a possibilidade de mudança de controle, destacando que essa alteração pode ser importante para o futuro da companhia, principalmente em relação à gestão de riscos e à expansão no mercado brasileiro.
Estratégia do novo conselho
O novo conselho proposto pelo fundo Saint German e apoiado por Tanure tem como foco duas principais estratégias:
- Redução de Custos e Despesas: O novo conselho deverá implementar medidas rigorosas para otimizar os custos operacionais do GPA, o que inclui uma reestruturação financeira e organizacional.
- Diminuição da Alavancagem: Uma das maiores preocupações para os investidores é a alta alavancagem financeira do GPA, com uma relação de dívida líquida sobre Ebitda de 3,9x. Espera-se que o novo conselho busque vender ativos não essenciais da empresa para reduzir esse índice e melhorar a saúde financeira da companhia.
Além disso, a gestão de contingências, como processos trabalhistas e tributários, será um ponto importante para o novo grupo de diretores, especialmente considerando que o GPA tem enfrentado uma série de desafios jurídicos nos últimos anos.
A “Pílula de Veneno” e o obstáculo para a mudança de controle
Vale destacar que o GPA possui uma cláusula de defesa chamada “pílula de veneno”, que tem o objetivo de dificultar a tomada de controle por parte de um único acionista. Caso um investidor ultrapasse 25% de participação no GPA, essa cláusula pode ativar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), tornando mais difícil para Tanure ou qualquer outro investidor adquirir o controle da companhia sem oferecer aos acionistas a opção de vender suas ações a um preço justo.
Esse mecanismo de defesa pode ser um obstáculo considerável para Tanure, caso ele consiga adquirir a participação do Grupo Casino e busque aumentar sua participação no GPA para mais de 25%. No entanto, ainda não há data definida para a convocação da Assembleia, e a questão da “pílula de veneno” deve ser acompanhada de perto pelos analistas e investidores.
O novo conselho e seus integrantes
A nova proposta de composição do conselho de administração do GPA traz nomes com ampla experiência em grandes empresas. O novo conselho seria formado por:
- Ronaldo Iabrudi (Presidente, atual Vice-Presidente do Conselho).
- Cristophe Hidalgo (Vice-Presidente).
- Marcelo Pimentel (CEO do GPA).
- Helene Esther (Diretora de M&A do Grupo Casino).
- Rodrigo Pontes (CFO da Light – LIGT3).
- Pedro Borba (Conselheiro da Aliança).
- Libano Barroso, Eliana Chimenti e Sebastian Los (ex-CEO da Cencosud Brasil).
Esses nomes trazem uma combinação de experiência em fusões e aquisições, gestão financeira e experiência em grandes redes de varejo, o que pode ser um sinal de que o GPA busca uma nova fase de sua operação, focando em melhorar sua performance e resolver questões financeiras urgentes.
Análise do mercado e perspectivas para o GPA
Apesar da reação positiva das ações do GPA com a alta de 13,60%, o JPMorgan mantém sua recomendação de “underweight” (venda) para as ações, citando a alta alavancagem financeira e o risco contínuo de uma expansão com base em um cenário macroeconômico desafiador. A relação EV/Ebitda de 4,8x para 2025 não é vista como atraente no atual momento, especialmente devido à dívida da empresa.