Com a taxa básica de juros (Selic) atingindo 14,25% após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, investidores têm se perguntado sobre os efeitos dessa alta nos fundos imobiliários (FIIs). A Selic em um patamar tão elevado pode parecer um desafio, mas especialistas apontam que existem tanto oportunidades quanto desafios para os diferentes tipos de FIIs. Neste cenário, a combinação de alta taxa de juros e a rentabilidade atrativa da renda fixa gera um impacto significativo no mercado de FIIs.

Os fundos de papel, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), estão entre os mais beneficiados com a alta da Selic. Esses fundos investem em ativos que, geralmente, estão indexados ao CDI, o que significa que seu rendimento tende a acompanhar as oscilações da taxa de juros. A elevação do CDI diretamente impacta o retorno dos fundos de papel, tornando-os mais atrativos para os investidores.

De acordo com especialistas, o novo aumento na Selic pode gerar um retorno mais elevado para os fundos de CRI, especialmente os que têm seus rendimentos ajustados pelo CDI. Isso ocorre porque, com a alta dos juros, os rendimentos se tornam mais vantajosos. Felipe Ribeiro, sócio diretor de investimentos alternativos do Clube FII, explica que embora a alta da Selic possa causar uma saída de investidores, isso também abre uma janela de oportunidade para adquirir ativos que não perderam seu fundamento, mas foram impactados pela conjuntura macroeconômica.

Embora os fundos de papel possam se beneficiar do aumento da taxa de juros, há um risco associado: a inadimplência. Os devedores que estão pagando dívidas lastreadas em CRIs podem ser mais impactados pela alta dos juros, o que pode aumentar a possibilidade de inadimplência. Este risco precisa ser considerado pelos investidores que buscam rentabilidade em fundos de papel.

Por outro lado, os fundos de tijolo, que investem diretamente em imóveis, enfrentam um cenário mais desafiador com a alta dos juros. A Selic elevada tende a reduzir o consumo, aumentar os custos das dívidas e afetar a capacidade de pagamento das empresas, o que pode resultar em menor taxa de ocupação dos imóveis. O impacto da alta dos juros pode ser negativo no curto prazo, com a diminuição no valor dos imóveis e uma pressão sobre os aluguéis.