Minerva (BEEF3) registra prejuízo bilionário no 4T24, mas ações disparam 10%
Minerva (BEEF3) registrou um prejuízo de R$ 1,57 bilhões no 4T24, impactada por variações cambiais e alta nos custos. Apesar disso, suas ações dispararam 10% devido ao crescimento da receita e à forte geração de caixa.

Minerva (BEEF3) enfrentou um prejuízo de R$ 1,57 bilhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), revertendo o lucro de R$ 19,8 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Apesar dessa marca negativa, as ações da companhia dispararam mais de 10% no mercado, levantando questionamentos sobre os motivos por trás da reação positiva dos investidores. O que está por trás desse comportamento do mercado e como isso reflete a realidade da empresa? Neste artigo, vamos analisar os detalhes do balanço da Minerva e as reações dos principais bancos e analistas.
O que aconteceu no 4T24 da Minerva (BEEF3)?
Minerva (BEEF3), uma das maiores empresas de carne bovina do Brasil, apresentou resultados mistos no 4T24. O prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão foi o destaque negativo do balanço, afetado principalmente por variações cambiais desfavoráveis que geraram um impacto de R$ 1,8 bilhão. No entanto, a companhia também apresentou números positivos, como o crescimento expressivo da receita e a forte geração de caixa.
A receita bruta consolidada foi de R$ 11,4 bilhões, marcando uma alta de 76% em relação ao mesmo período do ano anterior e um crescimento de 27% em comparação com o 3T24. Esse aumento nas vendas foi impulsionado por uma expansão das exportações, especialmente para o mercado do Nafta (América do Norte), que agora representa 19% da receita total.
Embora o Ebitda tenha mostrado crescimento de 55,8%, atingindo R$ 943,7 milhões, a margem Ebitda caiu 1 ponto percentual, para 8,8%, um reflexo das pressões de custos, como o aumento no preço do gado no Brasil.
O impacto da geração de caixa no resultado da Minerva (BEEF3)
Outro aspecto crucial dos resultados financeiros da Minerva foi sua geração de caixa, que impressionou o mercado. O fluxo de caixa livre foi de R$ 990 milhões no 4T24, totalizando R$ 2,4 bilhões ao longo de 2024. Isso resultou em um free cash flow yield anualizado de 85%, uma métrica extremamente positiva, pois ela compara a geração de fluxo de caixa livre com o valor de mercado da empresa.
Essa forte geração de caixa é vista como um ponto de suporte para a empresa enfrentar os desafios financeiros do próximo ciclo e enfrentar riscos relacionados à sua alavancagem e à volatilidade cambial.
Reações dos bancos e analistas ao resultado
Apesar do prejuízo contábil, o mercado reagiu positivamente, e vários bancos emitiram suas avaliações. Vamos ver o que disseram algumas das principais casas de análise:
- JPMorgan avaliou os resultados como neutros, destacando o Ebitda acima das expectativas, impulsionado por um crescimento das exportações para o Nafta. No entanto, alertou para a alta alavancagem da empresa, que subiu para 5x a relação dívida líquida/Ebitda, e para o impacto da variação cambial negativa. A instituição manteve a recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 7,00.
- Itaú BBA também manteve uma visão neutra, apontando que o Ebitda superou as estimativas. No entanto, os analistas ressaltaram que a estrutura de capital da Minerva e a integração dos novos ativos frigoríficos ainda precisam de acompanhamento. A recomendação foi neutra, com preço-alvo de R$ 6,50.
- Goldman Sachs, por outro lado, viu o desempenho da Minerva como positivo, destacando os números operacionais acima do esperado, a forte geração de caixa e o impacto das novas plantas frigoríficas. A variação cambial foi o principal fator do prejuízo, mas, do ponto de vista operacional, os resultados foram favoráveis. O Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 8,00.
- Genial Investimentos também avaliou positivamente a geração de caixa e o crescimento da receita. Contudo, o alto nível de endividamento ainda é uma preocupação. A recomendação neutra foi mantida, com preço-alvo de R$ 6,80.