A cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, registrou o menor percentual de habitantes com ensino superior entre os municípios brasileiros com mais de 100 mil moradores. Os dados são do Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e refletem desafios estruturais e socioeconômicos enfrentados pela população local.

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Disparidade nos índices educacionais no Brasil

O levantamento do IBGE revelou que apenas 5,7% dos moradores de Belford Roxo com 25 anos ou mais possuem ensino superior completo, colocando o município na última posição do ranking nacional. No extremo oposto, São Caetano do Sul (SP) lidera com 48,2% da população nessa faixa etária concluindo a graduação.

Além de Belford Roxo, outras cidades do Rio de Janeiro também apresentaram índices baixos. Queimados registrou 7,4% e São João de Meriti ficou com 7,2%. Em contrapartida, Niterói se destaca positivamente, com uma média superior a 12 anos de estudo entre seus moradores de 25 anos ou mais, evidenciando um contraste dentro do próprio estado.

Fatores que explicam o baixo acesso ao ensino superior

Especialistas apontam que fatores econômicos, sociais e estruturais influenciam diretamente no acesso ao ensino superior em Belford Roxo. Tais Guimarães, diretora pedagógica da Rede Legacy School, explica que a pobreza e a falta de oportunidades impactam diretamente na continuidade dos estudos.

“A falta de infraestrutura educacional e a baixa oferta de universidades na região dificultam o acesso ao ensino superior. Além disso, a alta taxa de desemprego e a precariedade da mobilidade urbana desmotivam muitos jovens a buscarem uma formação acadêmica”, analisa Guimarães.

Outro ponto destacado pela especialista é a carência de investimentos na educação básica, o que compromete o desempenho dos alunos desde os primeiros anos escolares e reduz as chances de ingresso no ensino superior.

Medidas da prefeitura para reverter o cenário

Diante dos números divulgados pelo IBGE, a Prefeitura de Belford Roxo anunciou que está desenvolvendo estratégias para aumentar as oportunidades de formação acadêmica para a população local. Apesar de o ensino superior não ser de competência municipal, a administração pretende implementar ações para facilitar o acesso dos estudantes às universidades.

Entre as medidas previstas estão:

  • Instalação de polos presenciais e a distância de instituições públicas e privadas;
  • Convênios com universidades para ampliar as oportunidades de ingresso;
  • Criação de programas municipais de incentivo, incluindo transporte gratuito e bolsas de estudo;
  • Parcerias com empresas locais para oferecer estágios e oportunidades de trabalho aos estudantes.

A administração municipal ressaltou que a evasão escolar no ensino médio é um dos principais obstáculos para o ingresso no ensino superior. Para combater esse problema, será fortalecida a parceria com a rede estadual de ensino, além da ampliação de cursos preparatórios gratuitos para o Enem e vestibulares.