Confiança da indústria recuou em fevereiro e mantém cenário de cautela, aponta FGV
A confiança da indústria brasileira registrou leve recuo em fevereiro, de acordo com a FGV, refletindo um cenário de cautela entre os empresários.

A confiança da indústria brasileira apresentou um leve recuo em fevereiro, mantendo o cenário de cautela entre os empresários. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 0,1 ponto, registrando 98,3 pontos em comparação com o mês anterior. A situação atual da indústria continua incerta, refletindo um cenário de incertezas econômicas e desafios macroeconômicos. Neste contexto, as expectativas dos empresários se mostram mistas, com uma leve melhora nas perspectivas de curto prazo, mas um pessimismo generalizado para o futuro.
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Queda no Índice de Confiança da Indústria (ICI)
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), principal indicador sobre o otimismo do setor industrial, caiu 0,1 ponto em fevereiro, após ter atingido 98,4 pontos em janeiro. A leve queda no índice reflete a continuidade da cautela dos empresários, que ainda enfrentam um ambiente econômico desafiador. O número de 98,3 pontos é um indicativo de que a confiança no setor permanece abaixo da linha de 100 pontos, que historicamente separa a confiança da falta de confiança.
A pesquisa da FGV, divulgada nesta quarta-feira (26), também revelou que o Índice de Situação Atual (ISA) registrou uma queda de 0,5 ponto, indo para 100,4 pontos. Esse índice mede a percepção dos empresários sobre a situação atual da indústria e seu comportamento no presente. A queda no ISA indica que, apesar de uma recuperação em algumas áreas, o sentimento dos empresários sobre o momento atual da indústria permanece negativo.
Expectativas para os próximos meses
Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE), que reflete a visão dos empresários sobre os próximos meses, mostrou um avanço de 0,4 ponto, chegando a 96,3 pontos. Isso sugere que, apesar do cenário atual de desaceleração, há um pequeno otimismo em relação ao futuro, com expectativas mais favoráveis para a produção e contratação de pessoal no curto prazo. Entretanto, esse avanço não foi suficiente para neutralizar o pessimismo em relação ao horizonte de seis meses, que continua a refletir a desconfiança em relação à recuperação econômica no Brasil.
Segundo Stéfano Pacini, economista da FGV, as expectativas de curto prazo, relacionadas à produção e contratação, tiveram uma leve melhora, compensando parcialmente o resultado negativo de janeiro. Porém, o cenário de taxa de juros elevada e câmbio desvalorizado, aliado à perspectiva de uma desaceleração econômica, gera um ambiente desafiador para o setor industrial, com a percepção de que o ano de 2025 pode ser difícil para a indústria, apesar dos resultados positivos observados até agora.
Desafios econômicos e o impacto nas empresas
A alta na taxa de juros, que atualmente está em 13,25% ao ano, e o câmbio desvalorizado são dois dos principais fatores que contribuem para a cautela dos empresários no Brasil. Além disso, a expectativa de desaceleração econômica também preocupa, criando um cenário em que as empresas precisam se preparar para um ano desafiador, com a possível necessidade de reduzir a produção ou até mesmo cortar postos de trabalho.
Outro fator importante é a alta volatilidade do câmbio, que tem afetado a competitividade da indústria brasileira, especialmente nos segmentos mais dependentes de importações. Apesar disso, o setor industrial tem buscado formas de se adaptar, com algumas empresas tentando ajustar seus preços e melhorar sua produtividade para enfrentar as dificuldades do mercado.
Estoques e demanda: leve melhora na percepção
Apesar da cautela predominante, o nível de estoques na indústria apresentou uma leve melhora. O indicador de estoques subiu 0,9 ponto, alcançando 95,3 pontos, o melhor resultado desde fevereiro de 2022. Isso indica que as empresas estão gerenciando seus estoques de forma mais eficiente, com a percepção de uma leve melhora na demanda. No entanto, quando esse indicador ultrapassa os 100 pontos, sinaliza que as indústrias estão com estoques excessivos, o que não é o caso no momento.
A melhora na percepção sobre a demanda, embora tímida, traz um alívio para o setor. A continuidade do ajuste de estoques pode ser crucial para que as empresas se adaptem a possíveis mudanças na demanda por seus produtos. A capacidade de lidar com a volatilidade da demanda será fundamental para a indústria em 2025, uma vez que a desaceleração econômica pode afetar diretamente as expectativas de vendas.