Servidores da área de comunicação social do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram, na última sexta-feira (31), um manifesto público contra a gestão do presidente Marcio Pochmann. O texto expressa preocupações sobre a priorização de sua imagem pessoal em detrimento da divulgação de indicadores econômicos essenciais para a sociedade brasileira, como os resultados do Censo 2022, PIB, inflação e desemprego. O “IBGE paralelo”, como foi denominado, tem impactado diretamente o papel institucional do órgão.

O que está acontecendo no IBGE

O manifesto de servidores do IBGE denuncia o uso excessivo dos canais de comunicação do Instituto para promover a imagem do presidente Marcio Pochmann. A denúncia aponta que as redes sociais e o site do IBGE têm sido saturados com conteúdos que exaltam a gestão do presidente, enquanto informações cruciais sobre os resultados de pesquisas e indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), a inflação e o desemprego, têm sido marginalizadas.

Os servidores afirmam que as divulgações sobre dados econômicos essenciais para o país, incluindo os aguardadíssimos resultados do Censo Demográfico de 2022, têm cedido espaço a uma “avalanche” de notícias sobre Pochmann e suas ações. A situação tem gerado críticas internas e externas sobre o foco da comunicação institucional do IBGE.

Como a comunicação no IBGE foi afetada pela gestão Pochmann

O manifesto aponta que, sob a gestão de Pochmann, os profissionais de comunicação do IBGE se viram sobrecarregados com uma quantidade excessiva de matérias e divulgações sobre a gestão do presidente. Esse foco, segundo os servidores, tem obscurecido o papel central do IBGE, que é fornecer dados imparciais e relevantes para a sociedade, principalmente no que diz respeito aos indicadores econômicos. Para ilustrar, os comunicados sobre a redução recorde na taxa de desemprego e a redução da população abaixo da linha da pobreza, além dos primeiros resultados do Censo 2022, passaram a ser secundários frente à propagação de ações de Pochmann.

O manifesto destaca que esses problemas se refletem diretamente nas plataformas digitais do IBGE. O site do Instituto, a Agência IBGE e as redes sociais foram saturados com conteúdos voltados para promover a imagem de Pochmann, o que prejudica a clareza e a acessibilidade das informações relacionadas aos resultados das pesquisas. A comunicação institucional, que deveria ser focada no benefício da sociedade, foi desviada para uma agenda de promoção pessoal.

Por que a gestão de Pochmann é criticada

Os servidores do IBGE também criticam a postura de Pochmann em relação à imprensa. Em vez de manter uma comunicação constante e transparente com os veículos de mídia nacionais e locais, o presidente tem se mostrado relutante em atender às demandas da imprensa. Além disso, Pochmann preferiu se comunicar com veículos estrangeiros ou blogueiros amigos, ao invés de dar coletivas ou entrevistas para jornalistas que cobrem rotineiramente o IBGE. A comunicação do IBGE, portanto, foi considerada hostil pela gestão de Pochmann, o que vai contra as práticas históricas do Instituto, que sempre buscou uma relação respeitosa e transparente com a mídia.

Em relação à imprensa, outra crítica pertinente é a forma como a gestão de Pochmann tem tratado as solicitações da mídia. A cronologia dos pedidos feitos à comunicação do IBGE tem sido ignorada, o que contraria o compromisso do Instituto com a ética na comunicação. Isso, para os servidores, reflete uma gestão centralizada e autoritária que desrespeita a independência e a ética profissional dos jornalistas e servidores concursados do órgão.

Para os servidores do IBGE, o uso da estrutura de comunicação do órgão para promover o presidente, seus assessores e sua gestão é uma forma de desrespeito à função essencial do Instituto. O IBGE, ao contrário de muitas instituições, possui uma estrutura de comunicação voltada para a tradução dos dados estatísticos e econômicos de forma acessível ao público. Quando o foco é desviado para a promoção pessoal, o impacto é profundo, pois a credibilidade e a missão do Instituto ficam comprometidas.

Outro aspecto crítico apontado pelos servidores é a sobrecarga de trabalho gerada pela agenda paralela de Pochmann e seus assessores. As viagens, frequentemente feitas a custo do contribuinte, ocorrem para promover a gestão e não para divulgar pesquisas ou estatísticas relevantes. Esses gastos, que incluem passagens e diárias, poderiam ser evitados com a realização de videoconferências e a centralização da comunicação em temas essenciais, como as análises do Censo 2022 e dados econômicos importantes para o país.