Nesta sexta-feira, 31 de janeiro, mais de 150 fundos imobiliários (FIIs) anunciaram os valores dos dividendos que serão distribuídos aos seus cotistas, referentes aos resultados do mês de janeiro. Este movimento acontece no último pregão do mês, utilizado também como Data Com, ou seja, o fechamento da lista de beneficiários que terão direito a receber os proventos. Com um mercado de fundos imobiliários em um cenário instável, esse anúncio gerou grande expectativa entre os investidores.

Anúncio dos dividendos e expectativa do mercado

Os dividendos de janeiro têm um impacto direto na rentabilidade dos fundos e no comportamento dos investidores no mercado de FIIs. Dentre os fundos que divulgaram seus pagamentos estão os mais populares, como MXRF11, HGLG11, XPLG11, VISC11, VGHF11, e outros. Essas distribuições acontecem após o fechamento do pregão, e os investidores podem contar com a atualização dos valores e datas de pagamento ao longo do dia.

Contudo, o mercado de fundos imobiliários ainda enfrenta desafios, com o IFIX, principal índice do setor, registrando uma queda acumulada de 3,84% no ano até o fim de janeiro. Mesmo com uma leve alta de 0,74% no último dia útil do mês, a tendência é de um fechamento negativo do índice, marcando a quinta queda mensal consecutiva. A expectativa é de que, com os dividendos anunciados, haja movimentação nos preços das cotas, mas o efeito no índice pode ser limitado, dada a alta da Selic e os desafios econômicos que o Brasil enfrenta.

O impacto da reforma tributária nos FIIs

A grande preocupação para os investidores de FIIs no mês de janeiro foi o impacto da reforma tributária proposta pelo governo federal. O presidente Lula vetou a isenção tributária que beneficiaria os fundos imobiliários e Fiagros. Caso a tributação se mantenha no texto da reforma, isso poderá afetar diretamente os dividendos distribuídos aos cotistas, o que gerou um impacto imediato no mercado. No dia 16 de janeiro, quando o veto foi confirmado, o IFIX registrou uma queda de 1,38% em um único dia.

Embora o Ministério da Fazenda tenha demonstrado intenção de editar o texto para garantir a não tributação dos fundos imobiliários, a mera possibilidade de alterações nos impostos gerou grande instabilidade no mercado. Isso contribuiu para o clima de cautela entre os investidores, que aguardam os próximos desdobramentos dessa reforma.

O cenário de investimentos em FIIs em 2024

Apesar dos desafios apresentados pelo cenário de juros elevados, os fundos imobiliários ainda são vistos como uma opção atrativa para os investidores, especialmente aqueles que buscam uma rentabilidade superior à da renda fixa. De acordo com especialistas, como Marcos Baroni, da Suno, o atual patamar de juros não deve favorecer grandes valorizações de preços das cotas de FIIs no curto prazo, mas a rentabilidade proveniente dos dividendos permanece atraente.

Com a Selic em alta, muitos investidores estão buscando alternativas que ofereçam uma rentabilidade superior à da renda fixa, que hoje gira em torno de 13% a 15% ao ano, mas com a cobrança de Imposto de Renda. Nos FIIs, por sua vez, os dividendos são isentos de impostos para pessoas físicas, o que torna esse tipo de investimento ainda mais interessante.

Fatores a considerar ao investir em FIIs

Apesar da atratividade, investir em fundos imobiliários requer cautela. O momento não é de grandes e rápidas valorizações, mas sim de um “jogo de paciência”, como destacam especialistas. A qualidade dos ativos, como imóveis bem localizados, com um bom padrão construtivo e taxa de ocupação estável, deve ser analisada com cuidado ao escolher fundos imobiliários do tipo tijolo.

Por outro lado, os FIIs de papel, que investem em títulos de dívida e recebíveis imobiliários, necessitam de uma carteira bem estruturada para garantir a estabilidade dos dividendos. A análise de gestão e da saúde financeira dos fundos também é essencial para quem busca segurança e rentabilidade no longo prazo.