O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou o pregão desta terça-feira com alta de 0,76%, marcando 126.521,66 pontos, exatamente o mesmo desempenho do dia anterior. No entanto, a variação de 949,85 pontos foi impulsionada por setores-chave da economia, como o bancário e o de varejo, além de uma reação positiva de ativos como a TIM (TIMS3), que subiu 6,95% após divulgar seus resultados do 4T24. Por outro lado, as ações da Vale (VALE3) registraram um desempenho negativo, com uma queda de 0,43%, refletindo a cautela do mercado diante de eventos globais, como a guerra comercial entre os Estados Unidos e outros países.

Bancos e Carrefour impulsionam o Índice Bovespa

O desempenho positivo do Ibovespa foi amplamente impulsionado pelo bom desempenho dos grandes bancos, com destaque para o Bradesco (BBDC4), que subiu 2,33%, e o Itaú Unibanco (ITUB4), que registrou uma alta de 1,05%. O setor bancário tem se mostrado robusto, beneficiado por um cenário favorável com a queda nos juros futuros e uma inflação mais controlada no Brasil, o que fortalece a expectativa de bons resultados para o ano de 2025.

Além dos bancos, o Carrefour (CRFB3), através de sua subsidiária Atacadão, também se destacou no pregão, com uma impressionante alta de 10,08%. Isso ocorreu após a companhia anunciar uma proposta de conversão em subsidiária integral, o que inclui sua possível deslistagem do Novo Mercado. O movimento foi bem recebido pelo mercado, refletindo otimismo em relação à gestão da empresa.

Por outro lado, a TIM (TIMS3) colheu os frutos de um balanço positivo referente ao quarto trimestre de 2024, que resultou em uma valorização expressiva de suas ações, com alta de 6,95%.

Vale e siderurgia

A Vale (VALE3), por outro lado, experimentou uma queda de 0,43%, impactada pela instabilidade no cenário global. Enquanto as mineradoras enfrentam um ambiente de volatilidade, especialmente devido às tensões comerciais e o aumento nas tarifas de importação, as siderúrgicas brasileiras, como Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), se beneficiaram. Ambas as empresas registraram ganhos de 0,97% e 3,50%, respectivamente. Esse movimento positivo foi alimentado pela expectativa de um aumento no preço do aço e alumínio devido às tarifas impostas por Donald Trump.

A CSN (CSNA3), no entanto, foi uma exceção no setor, com suas ações registrando queda de 2,21%. O desempenho divergente das ações das siderúrgicas reflete a cautela do mercado em relação à continuidade das políticas de tarifas globais e o impacto potencial nas economias emergentes, como o Brasil.

A inflação em janeiro

Em relação à economia interna, o índice de preços ao consumidor (IPCA) de janeiro mostrou um alívio, subindo apenas 0,16%. Essa foi a menor variação para o mês desde a criação do Plano Real. Apesar dessa desaceleração, economistas indicam que o alívio é temporário e que a inflação pode acelerar ao longo de 2025, principalmente devido ao aumento nos preços de serviços. A XP Investimentos, por exemplo, afirmou que a inflação de serviços tende a acelerar, o que pode pressionar o Índice Geral de Preços.

No entanto, Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad, argumentou que o baixo impacto do IPCA de janeiro ajudou a fortalecer o otimismo no mercado local, resultando em uma alta do Ibovespa e uma queda nos contratos de juros futuros. Embora o índice permaneça acima do teto da meta de inflação no acumulado de 12 meses, os dados de janeiro não trouxeram surpresas negativas.

Impacto das tarifas de Trump nas economias globais

O mercado também foi afetado pelo impacto das tarifas impostas por Donald Trump sobre o aço e o alumínio. A decisão de Trump, que deve entrar em vigor em março, afetou as relações comerciais globais e gerou reações de diversos países. O Brasil, por meio do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o país não participará de uma guerra comercial e defendeu o fortalecimento do livre comércio.

A medida de Trump afetou especialmente o Canadá, maior exportador de aço para os Estados Unidos, que afirmou que tomará uma postura firme e clara em relação às tarifas. O impacto dessas políticas sobre as economias globais ainda é incerto, mas o mercado observa de perto a possibilidade de flexibilização das tarifas, como mencionou Arthur Pimentel, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Cenário internacional e expectativas para o Fed

O impacto das tarifas comerciais também afeta as decisões do Federal Reserve (Fed), que parece não ter pressa em reduzir as taxas de juros. Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que a economia dos Estados Unidos continua forte e que a instituição aguardará mais tempo para observar os efeitos das tarifas de Trump antes de tomar novas medidas.

Ainda assim, o mercado global está atento aos próximos dados de inflação nos Estados Unidos, com especial foco no índice de preços ao consumidor (CPI). O comportamento do CPI poderá influenciar a decisão do Fed sobre a política monetária nos próximos meses, mas, por enquanto, a cautela predomina.

Maiores altas do Ibovespa hoje (11)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
CRFB3+10.08%R$ 7,10
HAPV3+7.26%R$ 2,51
TIMS3+6.95%R$ 16,93
PCAR3+6.67%R$ 2,88
VAMO3+6.31%R$ 4,55

Maiores quedas do Ibovespa hoje (11)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AMOB3-3.45%R$ 0,28
AZUL4-3.01%R$ 3,55
CSNA3-2.21%R$ 8,87
VIVA3-2.17%R$ 19,86
WEGE3-2.03%R$ 53,11

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa126.522+950+0,76%
🇧🇷 USD/BRL5,7620-0,0239-0,41%
🇺🇸 S&P 5006.068,59+2,15+0,04%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.