O LinkedIn, uma das maiores plataformas de redes profissionais do mundo, está enfrentando um processo judicial após ser acusado de divulgar, sem permissão, mensagens privadas de usuários “premium” a terceiros. A ação alega que essas informações foram usadas para treinar modelos de inteligência artificial generativa. A acusação destaca mudanças discretas na política de privacidade da plataforma, que permitiram o uso de dados pessoais sem o devido consentimento.

Em uma proposta de ação coletiva apresentada na última terça-feira, usuários “premium” do LinkedIn afirmaram que a plataforma violou a privacidade de milhões de clientes ao compartilhar mensagens privadas com terceiros. O LinkedIn, controlado pela Microsoft, teria utilizado esses dados para treinar modelos de IA generativa, sem o consentimento explícito dos usuários.

A ação foi movida em um tribunal federal da Califórnia e inclui clientes do LinkedIn Premium que enviaram ou receberam mensagens InMail antes de 18 de setembro de 2024, data em que a política de privacidade da plataforma foi atualizada. A mudança nas configurações de privacidade, que passou a permitir que os dados dos usuários fossem compartilhados para treinamento de IA, foi feita de forma discreta, sem chamar a atenção dos membros para as implicações dessa alteração.

A política de privacidade do LinkedIn foi alterada em 18 de setembro de 2024, quando a rede social anunciou que os dados pessoais poderiam ser usados para treinar modelos de IA. A atualização foi inserida de maneira sutil na política, com um link direcionando os usuários para uma seção de “Perguntas Frequentes”, onde é mencionado que a desativação da opção de compartilhamento de dados não afetaria o treinamento de IA já realizado.

De acordo com os reclamantes, essa mudança foi feita de forma a minimizar a atenção pública sobre o uso indevido das informações pessoais, sugerindo que o LinkedIn sabia que estava violando a privacidade dos usuários. A plataforma, no entanto, não forneceu explicações claras sobre como os dados seriam utilizados para treinar IA, violando a confiança dos membros ao usar suas informações de maneira não autorizada.

A ação movida contra o LinkedIn busca uma indenização não especificada por quebra de contrato, além de alegações de violações da legislação de concorrência desleal da Califórnia. Os advogados dos usuários pedem uma compensação de 1.000 dólares por pessoa, referente à violação da privacidade dos dados, de acordo com as leis de proteção ao consumidor nos Estados Unidos.

Os clientes do LinkedIn Premium afirmam que, além de não receberem um aviso claro sobre o uso de suas mensagens privadas para treinamento de IA, a plataforma violou um acordo implícito de que seus dados seriam utilizados apenas para melhorar a funcionalidade da rede social. O uso dos dados pessoais para fins de treinamento de IA, sem a devida transparência, é considerado uma quebra da confiança e um desrespeito aos direitos dos usuários.

A denúncia argumenta que a mudança na política de privacidade foi uma tentativa do LinkedIn de “encobrir seus rastros”, ao reduzir a visibilidade sobre o uso de dados pessoais para treinamento de IA. A plataforma teria atualizado sua política de forma discreta para evitar repercussões negativas e possíveis sanções legais, enquanto continuava a utilizar as informações privadas dos usuários sem seu conhecimento ou consentimento.

A estratégia de minimizar a atenção pública para essa alteração, de acordo com os advogados dos reclamantes, reforça a ideia de que o LinkedIn estava plenamente ciente da violação de privacidade. O processo questiona a ética da plataforma, que, ao modificar sua política de privacidade, não alertou os usuários sobre as mudanças e não forneceu uma forma clara e transparente para que eles pudessem controlar o uso de seus dados.