O presidente argentino Javier Milei, em uma declaração recente, deixou claro que não hesitaria em deixar o Mercosul, caso fosse necessário para garantir um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. A medida, que geraria grandes repercussões para a Argentina, surge como uma possível solução para impulsionar a economia do país, apesar de sua adesão ao bloco regional. Contudo, o líder argentino também mencionou alternativas para negociar com os EUA sem romper com o Mercosul, que continua sendo um tema polêmico em sua administração.

Em entrevista ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, Milei foi questionado sobre a possibilidade de a Argentina abandonar o Mercosul para facilitar um acordo com os EUA. O presidente argentino não hesitou em afirmar que, se necessário, tomaria essa medida extrema. No entanto, ele acredita que há mecanismos dentro do próprio Mercosul que podem ser usados para viabilizar o acordo com os Estados Unidos, evitando a necessidade de uma ruptura.

Milei tem sido um crítico ferrenho do Mercosul, considerando-o uma “prisão” protecionista. Durante a campanha presidencial, ele já havia manifestado sua insatisfação com as limitações que o bloco impõe à Argentina, especialmente em relação à negociação de acordos comerciais individuais. No entanto, até o momento, o presidente não cumpriu sua promessa de retirar o país do Mercosul, o que gera um cenário de incerteza sobre suas futuras ações.

Para Milei, o acordo de livre comércio com os Estados Unidos é uma peça fundamental em seu plano para recuperar a economia da Argentina. Ao longo de sua presidência, ele tem buscado alternativas para reduzir a dependência do país de blocos regionais e diversificar suas parcerias comerciais. O Mercosul, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, tem sido visto por Milei como um obstáculo à implementação de políticas econômicas mais flexíveis.

A Argentina tem enfrentado uma grave crise econômica, com inflação elevada, uma moeda em desvalorização e altos níveis de endividamento. Para resolver esses problemas, Milei aposta na abertura de mercados e no aumento das exportações, especialmente para países como os EUA, com os quais a Argentina já mantém relações comerciais, mas sem um acordo formal de livre comércio. A possibilidade de firmar um pacto de livre comércio com os Estados Unidos é vista como uma oportunidade estratégica para acelerar a recuperação econômica do país.

Apesar de suas intenções de firmar um acordo bilateral com os EUA, Milei enfrenta resistência dentro e fora do Mercosul. O presidente do Paraguai, Santiago Peña, recentemente se opôs à ideia de um acordo exclusivo entre Argentina e EUA, afirmando que, embora o Mercosul precise de reformas, a ruptura com o bloco não é a solução ideal.

Além disso, a relação comercial da Argentina com o Brasil, seu maior parceiro dentro do Mercosul, torna a decisão de sair do bloco ainda mais complexa. A saída do Mercosul poderia prejudicar os fluxos comerciais com o Brasil e outros países membros, comprometendo ainda mais a economia argentina, que já enfrenta sérias dificuldades.

Durante a entrevista, Milei também falou sobre sua intenção de acessar os mercados de capitais internacionais após a remoção dos controles cambiais impostos pelo governo anterior. O presidente destacou que sua equipe econômica está comprometida em atingir um déficit fiscal zero e, com isso, espera atrair investimentos estrangeiros para a Argentina. Embora não tenha dado um cronograma específico para a abertura do mercado de capitais, Milei reafirmou a importância de recuperar a confiança dos investidores e melhorar a credibilidade do país no cenário global.

O Mercosul

O Mercosul, que foi criado para promover a integração econômica entre os países da América do Sul, tem sido um tema controverso para o governo de Milei. A Argentina, apesar de ser um dos membros fundadores, tem encontrado dificuldades em negociar acordos comerciais em nível individual devido às limitações impostas pelo bloco.