A Petrobras (PETR4) não deve realizar reajustes nos preços dos combustíveis nos próximos dias, segundo analistas do mercado financeiro. Com a recente queda nos preços do petróleo e o desalinhamento entre os preços domésticos e internacionais, a petroleira opta por adotar uma postura mais cautelosa antes de ajustar os preços para os consumidores brasileiros. Entenda os principais fatores que influenciam essa decisão e o impacto nas operações da empresa.

Na última semana, o mercado de petróleo enfrentou uma queda significativa nos preços devido à especulação sobre um possível aumento na produção de petróleo e gás pelos Estados Unidos. Esse movimento global afetou diretamente as referências internacionais de preços de combustíveis, como gasolina e diesel, pressionando suas cotações para baixo.

Essas mudanças têm reflexos imediatos para a Petrobras, que segue uma política de repassar as flutuações do mercado internacional de forma controlada, evitando impactos bruscos nos consumidores. No entanto, as recentes quedas nos preços internacionais não são vistas como motivos suficientes para um ajuste imediato nos preços dos combustíveis praticados pela empresa no Brasil.

Atualmente, os preços da gasolina e do diesel praticados pela Petrobras permanecem abaixo das bandas de Paridade de Exportação (EPP) e Paridade de Importação (PPI), indicadores utilizados para calcular os preços com base nos custos de mercado internacionais. O deságio nas bombas de combustível tem sido relevante: 4% para a gasolina e 18,8% para o diesel, segundo estimativas do Itaú BBA e Genial Investimentos.

Este desalinhamento tem gerado preocupação entre analistas, uma vez que a diferença entre os preços internos e internacionais pode afetar negativamente os resultados financeiros da Petrobras, especialmente no segmento de Refino, Transporte e Comercialização (RTC), que historicamente representa uma parte significativa do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa.

De acordo com a análise do Itaú BBA, a estratégia da Petrobras de evitar repassar toda a volatilidade dos mercados internacionais para os consumidores locais tem sido eficaz, mas também coloca a empresa em uma posição delicada. O deságio atual nas refinarias pode afetar a lucratividade da estatal, embora o segmento de Exploração & Produção, que tem custos de produção baixos e se beneficia dos altos preços do petróleo Brent, deva mais do que compensar esses impactos negativos.

Ainda assim, o Itaú BBA acredita que a Petrobras poderá adotar uma postura mais conservadora em relação ao reajuste dos preços, aguardando uma visão mais clara sobre as tendências de preços nos próximos dias. Essa cautela está em linha com a estratégia da empresa de preservar a estabilidade nos preços dos combustíveis no mercado doméstico, evitando movimentos bruscos de aumento ou redução.