Confiança da indústria no Brasil sobe em dezembro após três meses de queda, aponta FGV
A confiança da indústria no Brasil registrou uma leve recuperação em dezembro, com um aumento de 1 ponto no Índice de Confiança da Indústria (ICI), após três meses seguidos de queda.

A confiança da indústria no Brasil registrou uma recuperação em dezembro, interrompendo uma sequência de três quedas consecutivas. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) aumentou 1,0 ponto, atingindo 99,6 pontos, de acordo com dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
Aumento no índice de expectativas e impacto no setor
O cenário de recuperação no final do ano foi impulsionado pelo Índice de Expectativas (IE), que subiu 3,1 pontos, alcançando 98,5 pontos. Esse indicador reflete a visão dos empresários sobre os próximos meses, sugerindo otimismo quanto ao desempenho futuro da indústria brasileira. Por outro lado, o Índice de Situação Atual (ISA), que mede a percepção sobre o presente, registrou uma queda de 1,0 ponto, ficando em 100,7 pontos, indicando que a situação atual do setor ainda apresenta desafios.
Esse contraste entre a melhora nas expectativas e a queda na percepção sobre a situação atual demonstra uma perspectiva mista para o setor industrial no Brasil, com uma recuperação sendo projetada, mas sem uma aceleração imediata na atividade econômica.
Setores com maior recuperação e expectativas
O aumento na confiança foi observado em 9 dos 19 segmentos industriais pesquisados pela FGV. A pesquisa indicou que os segmentos de bens de consumo foram os mais impulsionados, refletindo uma visão mais otimista entre os empresários dessas áreas. No entanto, os dados também apontaram uma fragilidade na situação de outros setores, o que sugere que a recuperação está longe de ser uniforme entre as diferentes indústrias.
Stéfano Pacini, economista da FGV IBRE, destacou que, embora as expectativas sejam mais favoráveis, a piora nas condições atuais pode sugerir um ritmo mais fraco de crescimento no final de 2024. Isso indica que, apesar da leve recuperação no indicador de confiança, a indústria ainda pode enfrentar desafios no curto prazo.
O impacto da política monetária no setor industrial
A recente política monetária do Banco Central também exerce influência direta sobre a confiança da indústria. Em dezembro, o Banco Central decidiu acelerar o aperto monetário, elevando a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Essa decisão foi motivada pela necessidade de controlar as pressões inflacionárias, exacerbadas pelas medidas fiscais do governo. O aumento da taxa de juros tem como objetivo conter a inflação, mas também tende a frear a atividade econômica, especialmente em setores mais sensíveis a crédito e investimentos.
Esse cenário de juros elevados foi um dos fatores destacados por Pacini como um desafio potencial para o setor industrial em 2025. A expectativa é que o ciclo de alta da taxa de juros continue em 2024, o que poderá restringir a recuperação econômica. O impacto nos custos de financiamento e a diminuição da disponibilidade de crédito podem afetar o ritmo de crescimento das indústrias, especialmente as que dependem de maiores investimentos e produção.
A perspectiva para o futuro da indústria brasileira
Embora os números mostrem uma leve recuperação na confiança da indústria em dezembro, a trajetória futura ainda apresenta incertezas. A combinação de uma alta da taxa de juros, desafios fiscais e um cenário econômico global instável pode dificultar a manutenção do crescimento nos próximos meses. Além disso, a desaceleração observada no Índice de Situação Atual sugere que, no curto prazo, a recuperação será mais gradual e não será suficiente para garantir um crescimento robusto.
Entretanto, o avanço nas expectativas, especialmente entre os setores de bens de consumo, oferece um sinal positivo de que a indústria pode conseguir atravessar o ano com mais confiança, se as condições macroeconômicas melhorarem.