Queda da confiança da indústria no Brasil em setembro: FGV revela dados preocupantes
Em setembro de 2024, a confiança da indústria no Brasil apresentou uma queda de 1,2 ponto, atingindo 100,5 pontos, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Este é o primeiro recuo desde maio, refletindo uma deterioração nas percepções sobre a situação atual e as expectativas futuras dos empresários.
A confiança da indústria no Brasil apresentou um recuo significativo em setembro, a primeira queda desde maio de 2024. De acordo com dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (26), o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,2 ponto, alcançando 100,5 pontos. Esse movimento suscita preocupações sobre a saúde do setor industrial e suas expectativas futuras.
A queda da confiança da indústria é atribuída a uma deterioração tanto na percepção da situação atual quanto nas expectativas para os próximos meses. O ICI, que é um termômetro importante para medir o otimismo dos empresários do setor industrial, reflete a confiança e as perspectivas dos negócios. Essa queda marca uma inflexão em um ano que, até o momento, havia sido caracterizado por melhorias na demanda e uma redução nos estoques.
Os dados da FGV indicam que o maior impacto na confiança em setembro veio do Índice de Expectativas (IE), que caiu 1,7 ponto, para 98,1 pontos. Este indicador, que mede a percepção sobre o futuro próximo, teve seu pior desempenho em relação à tendência dos negócios nos próximos seis meses, registrando um recuo de 3,5 pontos, interrompendo uma sequência de seis meses de crescimento. Isso mostra um ambiente em que os empresários estão se tornando mais cautelosos em relação ao futuro.
Além da queda nas expectativas, o Índice de Situação Atual (ISA), que avalia o sentimento dos empresários sobre o momento presente do setor industrial, também enfrentou uma baixa de 0,6 ponto, situando-se em 103,0 pontos. Este índice já havia recuado 0,1 ponto no mês anterior. A combinação desses fatores resulta em um panorama negativo para o setor, evidenciado pela queda da confiança em 12 dos 19 segmentos industriais pesquisados.
Esse contexto levanta questões sobre a sustentabilidade do crescimento industrial no Brasil. Os empresários expressam preocupações em relação à incerteza econômica e à possibilidade de novas oscilações no mercado.
O cenário macroeconômico também tem contribuído para essa deterioração na confiança da indústria. Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 25 pontos-base, levando-a para 10,75% ao ano. Essa decisão foi tomada em um contexto de superaquecimento da atividade econômica e riscos de alta para a inflação, refletindo a necessidade de controlar pressões de custos que podem impactar negativamente o ambiente de negócios.
Com a taxa de juros em alta, muitos empresários estão ajustando suas expectativas e se preparando para um futuro incerto. Isso se traduz em um clima de cautela, onde as empresas podem adotar posturas mais conservadoras em relação a investimentos e expansão.
Stéfano Pacini, economista do FGV/Ibre, comenta que “a confiança da indústria registrou, em setembro, sua segunda queda no ano de 2024. O resultado possui um caráter compensatório em um ano caracterizado por melhorias na demanda e redução dos estoques, mas acende um alerta para os próximos meses.” Essa análise sublinha a importância de monitorar continuamente os indicadores econômicos e as tendências do mercado.