O cenário macroeconômico brasileiro segue desafiador, com a taxa Selic e a inflação apresentando novas projeções para os próximos anos. Segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (9), analistas ajustaram suas previsões para a taxa de juros e para a inflação, refletindo as pressões inflacionárias e cambiais que persistem na economia brasileira. A previsão para a Selic em 2024 é de 12%, enquanto a inflação de 2025 deve ultrapassar o teto da meta do governo.

Taxa Selic: expectativa de alta em 2024 e 2025

A mediana das expectativas para a Selic em 2024 foi revisada de 11,75% para 12%, o que representa um aumento de 0,25 ponto percentual em relação à previsão anterior. Essa alta ocorre no contexto de um cenário de aumento das pressões inflacionárias e de um câmbio mais volátil, que dificultam a redução dos juros. A taxa Selic atualmente está em 11,25%, e o Banco Central irá se reunir nesta terça-feira e quarta-feira para decidir sua última ação de política monetária de 2023. Para 2025, as expectativas apontam para um novo ajuste, com a Selic projetada para 13,50%, um aumento considerável em relação aos 12,63% previstos anteriormente.

A decisão do Banco Central de manter os juros elevados está diretamente relacionada ao controle da inflação. Embora a alta da Selic seja uma medida para conter os preços, ela também impacta negativamente o crescimento econômico, com a projeção de um PIB de 3,39% para 2024, um crescimento modesto.

Inflação

A inflação brasileira também apresenta novas previsões, com expectativas de que o país ultrapasse o teto da meta do governo, que é de 4,5%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais. Para 2024, a projeção de inflação foi elevada de 4,71% para 4,84%, e para 2025, a previsão passou de 4,40% para 4,59%. Caso essas projeções se confirmem, o Brasil enfrentará uma inflação bem acima do centro da meta de 3,00%.

Esse aumento na previsão de inflação reflete as dificuldades em controlar os preços no contexto atual. Os analistas apontam que os preços administrados, como os de energia e combustíveis, continuam pressionando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa de inflação mais alta também está ligada à persistente volatilidade do câmbio e a outros fatores estruturais da economia brasileira.

PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, por sua vez, tem projeções mais positivas para 2024, com um crescimento ajustado para 3,39%, acima da previsão anterior de 3,22%. Para 2025, a previsão passou de 1,95% para 2%. Esses números indicam um leve otimismo quanto à recuperação econômica, mas as expectativas de crescimento permanecem modestas, refletindo o impacto da alta da Selic e da inflação sobre a atividade econômica.

As projeções para 2026 e 2027, no entanto, permanecem estáveis, com as estimativas de crescimento do PIB ajustadas para 2% ao ano. Isso demonstra uma desaceleração do ritmo de crescimento, com um crescimento econômico que deve se manter na faixa de 2% ao ano durante os próximos anos.

Expectativas para o câmbio e a dívida pública

Outro dado importante que chama a atenção dos analistas são as previsões para o câmbio. Para 2025, a estimativa para o dólar foi ajustada para R$ 5,77, acima da previsão anterior de R$ 5,60. Para 2026, a projeção subiu para R$ 5,73, e em 2027, a previsão é de R$ 5,69. A volatilidade cambial continua sendo um desafio para o Brasil, especialmente em um cenário de alta da Selic e aumento da inflação.

Em relação à dívida pública, as estimativas para a dívida líquida do setor público indicam uma leve queda em 2024, com a previsão passando de 63,40% para 63,04% do PIB. Para 2025, a previsão se manteve em 67% do PIB. As estimativas para 2026 e 2027, porém, indicam um aumento na relação dívida/PIB, com projeções de 70,50% e 73,45%, respectivamente.

Balança comercial: expectativas de superávit em queda

A balança comercial também apresentou revisões nas estimativas para os próximos anos. A previsão para 2024 foi reduzida de US$ 75 bilhões para US$ 74,15 bilhões, e para 2025, a estimativa foi ajustada de US$ 76,02 bilhões para US$ 75,70 bilhões. No entanto, as projeções para 2026 e 2027 mostraram um pequeno aumento, com a expectativa de superávit passando para US$ 78,73 bilhões em 2026 e US$ 80,83 bilhões em 2027.

Essa queda nas expectativas para a balança comercial reflete a desaceleração das exportações brasileiras, que têm sido impactadas por uma demanda externa mais fraca e pela instabilidade no câmbio. A balança comercial tem sido tradicionalmente um dos pontos positivos da economia brasileira, mas o cenário atual exige cautela.

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