Na noite da última segunda-feira (02) o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) voltada para o ajuste das contas públicas no Brasil. O texto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, tem como principal objetivo cortar gastos, alcançar o déficit zero em 2024 e dar sustentação ao novo arcabouço fiscal que substituiu o teto de gastos instituído na gestão Temer.

Medidas de impacto e economia projetada

Caso aprovada sem alterações, a PEC poderá resultar em uma economia de 70 bilhões de reais nos próximos dois anos. A estimativa do Ministério da Fazenda, liderado pelo ministro Fernando Haddad, projeta uma poupança acumulada de 327 bilhões de reais até 2030

Para atingir essas metas ambiciosas, o governo propôs uma série de ajustes, entre as principais destacam-se

  • Salário mínimo com teto de 2,5%;
  • Alterações no acesso ao abono salarial;
  • Contenção de supersalários no serviço público;
  • Nova regra de aposentadoria para os militares.

Aumento da Faixa de Isenção do IR

Ainda há uma proposta de reforma no Imposto de Renda (IR), isentando quem ganha até R$ 5 mil e aumentando a alíquota para rendimentos acima de R$ 50 mil. A medida, segundo o governo não impactará as contas públicas. 

Essa última atende a uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sido apresentada como um “contraponto político” às medidas de corte. No entanto, o Congresso já indicou que essa parte do projeto tramitará separadamente e só será analisada em 2025.

Suporte político e tramitação no Congresso

A proposta conta com apoio preliminar de lideranças importantes no Congresso, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ambos sinalizaram disposição para priorizar a tramitação da PEC ainda em 2024, com um modelo de esforço concentrado que permitirá maior celeridade.

Por se tratar de uma PEC, o texto requer aprovação de dois terços dos deputados e senadores em dois turnos de votação em cada Casa. O desafio será construir consenso suficiente entre os parlamentares, principalmente diante de possíveis resistências políticas e pressões de setores impactados pelas medidas.

Novas diretrizes e desafios no ajuste fiscal

O plano de ajuste fiscal apresentado pela equipe econômica busca não apenas sanar o déficit orçamentário, mas também criar um ambiente de maior previsibilidade e responsabilidade fiscal para os próximos anos.

Entre as medidas mais polêmicas, está a revisão das regras de acesso ao abono salarial, que poderá excluir uma parcela da população do benefício. Além disso, a reformulação do sistema previdenciário para militares e a limitação dos chamados supersalários no setor público têm gerado debates acalorados.

Enquanto isso, a isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até 5 mil reais promete beneficiar uma ampla base de contribuintes. No entanto, sua tramitação separada e previsão de análise somente em 2025 pode retardar os efeitos diretos dessa medida sobre a economia dos trabalhadores.

Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.