Lula indica Gabriel Galípolo para ser o novo presidente do BC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o economista Gabriel Galípolo como sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC).
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (28) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em cerimônia no Palácio do Planalto, acompanhado do próprio Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária da instituição.
Haddad informou que a indicação seria enviada ao Senado Federal ainda hoje. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) será responsável por realizar a sabatina de Galípolo, e o plenário do Senado decidirá sua aprovação em votação secreta. Não há prazo definido para a conclusão do processo.
Segundo o ministro, a sabatina depende da agenda do Senado, que discutirá o melhor momento para realizá-la. Integrantes do governo defendem uma tramitação rápida, visando facilitar a transição entre Campos Neto e Galípolo.
Vale destacar que existe uma movimentação para que a sabatina ocorra no início de setembro, mas isso depende de entendimento com o senador Vanderlan Cardoso, presidente da CAE.
Se aprovado, Gabriel Galípolo assumirá o cargo de presidente do Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025.
Nomes para diretorias do BC também serão revelados em breve
Durante o comunicado à imprensa, Fernando Haddad revelou que o governo está trabalhando na escolha de três novos nomes para as diretorias do Banco Central. Além da substituição de Gabriel Galípolo na Diretoria de Política Monetária, serão nomeados os responsáveis pelas diretorias de Regulação, atualmente ocupada por Otávio Damaso, e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, sob gestão de Carolina de Assis.
É importante mencionar que a indicação de Galípolo para a presidência do BC já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, que o via como o favorito para o cargo desde sua nomeação à Diretoria de Política Monetária.
Após o anúncio, Galípolo agradeceu pela confiança, mas optou por não responder perguntas dos jornalistas, afirmando que respeita a institucionalidade do Senado Federal, que conduzirá sua sabatina e decidirá sua nomeação em votação futura.
Histórico de Gabriel Galípolo nos últimos tempos
Visto como um heterodoxo moderado, Galípolo é uma figura de confiança do presidente Lula no cenário econômico. Durante a campanha eleitoral de 2022, ele desempenhou um papel fundamental ao mediar o diálogo entre o petista e o mercado financeiro.
Após a vitória, foi convidado por Fernando Haddad para assumir o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, função que exerceu até junho de 2023, quando foi nomeado para o Banco Central.
Na Fazenda, Galípolo foi peça-chave na formulação de medidas cruciais, como o novo marco fiscal, que substituiu o teto de gastos. Ao assumir sua posição no Banco Central, enfrentou inicialmente ceticismo quanto à sua independência em relação ao governo, mas conseguiu dissipar essas dúvidas.
Um dos momentos mais tensos de sua gestão ocorreu na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, quando houve uma divisão na votação sobre o corte da Selic. Integrantes indicados pelo governo Bolsonaro votaram por uma redução mais modesta de 0,25 ponto percentual, enquanto os nomeados por Lula apoiaram um corte mais significativo de 0,50 ponto percentual.
Apesar da tensão, a autoridade monetária conseguiu apresentar uma frente unida, alimentando expectativas positivas no mercado sobre um possível ciclo de alta nos juros na próxima reunião de setembro, reforçando seu compromisso no combate à inflação.