A Eletrobras (BVMF:ELET3) está em uma nova fase de sua estratégia, com foco total no cliente e a avaliação de uma eventual entrada no mercado varejista de energia. Em declarações recentes, o CEO da empresa, Ivan Monteiro, destacou que a companhia está se transformando para atender às necessidades do consumidor final e aproveitar oportunidades no setor de comercialização de energia. A mudança faz parte de um processo mais amplo de adaptação à lógica privada após a privatização da empresa, em 2022, e visa expandir sua atuação para além dos grandes contratos corporativos.

Desde sua privatização, a Eletrobras tem se reposicionado para atender a novas demandas do mercado de energia. O foco agora está em se tornar uma empresa de soluções energéticas, com uma estratégia voltada para o cliente, como afirmou o CEO Ivan Monteiro em evento da plataforma MegaWhat. A Eletrobras já fez avanços significativos, especialmente no mercado livre de energia, uma área que a empresa praticamente não operava antes de sua privatização.

A evolução da Eletrobras para uma empresa mais focada no consumidor reflete as mudanças no mercado de energia e as novas exigências do setor. Monteiro explicou que a transformação da Eletrobras vai além de simples mudanças administrativas, sendo uma jornada de longo prazo para alinhar a empresa à mentalidade privada, com foco na flexibilidade e inovação. A companhia tem agora como principal objetivo estabelecer relações mais próximas e duradouras com seus clientes, garantindo uma maior presença no mercado e uma atuação mais personalizada.

Uma das apostas mais recentes da Eletrobras é a possível entrada no segmento varejista de energia, ou seja, vender energia diretamente para pequenas e médias empresas. Monteiro ressaltou que a empresa está discutindo internamente essa possibilidade, uma diversificação importante, já que sua carteira de clientes está atualmente concentrada em grandes empresas.

O mercado varejista de energia tem grande potencial de crescimento, especialmente com a possível abertura do setor para residências e consumidores menores. As projeções indicam que até o final da década, cerca de 90 milhões de consumidores poderão ter acesso ao mercado livre de energia. Nesse cenário, as principais geradoras e comercializadoras de energia do Brasil estão se posicionando para garantir uma fatia desse novo mercado, e a Eletrobras não quer ficar de fora.

Ivan Monteiro também revelou planos de investimentos agressivos para os próximos anos. Em 2024, a Eletrobras planeja aportar R$ 9 bilhões, uma quantia três vezes maior que a média histórica dos investimentos da empresa. Esse aumento reflete uma estratégia de modernização e expansão de sua infraestrutura de energia, com foco em projetos orgânicos e inorgânicos. A empresa também está atenta às oportunidades de participar de leilões de transmissão de energia, reforçando sua presença no mercado de infraestrutura.

Esses investimentos são cruciais para a empresa se manter competitiva no mercado energético, atendendo à crescente demanda por soluções energéticas eficientes e sustentáveis. A Eletrobras tem se comprometido a garantir que seus retornos de investimentos sejam compatíveis com o custo de capital da empresa, sem comprometer sua saúde financeira. Monteiro afirmou que a empresa não realizará mais “bids patrióticos” em leilões, priorizando a rentabilidade e a viabilidade dos projetos.

Em relação ao relacionamento da Eletrobras com o governo federal, Monteiro destacou as negociações para um entendimento sobre o poder de voto da União na empresa. A companhia e o governo estão buscando um “ponto comum” para resolver essa questão, e o CEO ressaltou que o diálogo é essencial nesse processo. A Eletrobras busca manter uma boa relação com o governo, garantindo sua independência financeira e administrativa, enquanto busca uma solução que atenda tanto às necessidades da empresa quanto às demandas do governo.