Os preços do petróleo enfrentaram uma queda significativa de 6% nesta segunda-feira (28), refletindo a repercussão do ataque limitado de Israel ao Irã no fim de semana. O mercado reagiu rapidamente à falta de impacto nas instalações petrolíferas e nucleares, mantendo o fornecimento de energia intacto. Essa situação gerou uma onda de incertezas e resultou na revisão das expectativas de preços por instituições financeiras, como o Citi.

A queda nos preços do petróleo foi acentuada, com o Brent sendo negociado a US$ 71,62 por barril, enquanto o U.S. West Texas Intermediate (WTI) atingiu US$ 67,31. Ambos os contratos chegaram aos seus menores níveis desde 1º de outubro. Essa diminuição ocorre em um contexto de volatilidade do mercado, onde os preços haviam avançado cerca de 4% na semana anterior, impulsionados por incertezas em torno das eleições nos EUA e a possível resposta de Israel aos ataques com mísseis iranianos.

O ataque de Israel contra o Irã envolveu dezenas de jatos israelenses que realizaram três ondas de bombardeios em fábricas de mísseis e outras instalações no oeste do Irã antes do amanhecer de sábado. Embora o ataque tenha sido uma resposta aos mísseis iranianos lançados em 1º de outubro, não houve impactos diretos em instalações críticas para a produção de petróleo. Isso resultou em uma desinflação do prêmio de risco geopolítico que havia sido previamente incorporado nos preços do petróleo.

O Citi ajustou sua meta de preço para o Brent nos próximos três meses, reduzindo-a de US$ 74 para US$ 70 por barril. A análise da instituição considera a eliminação do prêmio de risco a curto prazo, refletindo um cenário mais estável no mercado. Os analistas liderados por Max Layton afirmam que a retórica dos ministros da Opep+ nas próximas semanas sobre a produção de petróleo será um fator crucial para a definição dos preços.

A resposta de Israel foi amplamente percebida como influenciada pelo governo Biden, especialmente em um período crítico antes das eleições nos EUA. John Evans, da corretora de petróleo PVM, observou que a situação atual demonstra como as dinâmicas políticas podem moldar as reações de países em conflito. 

Além disso, a análise do Commonwealth Bank da Austrália, realizada por Vivek Dhar, destaca que, apesar da resposta mais moderada de Israel, o cenário no Oriente Médio permanece tenso e a possibilidade de um cessar-fogo duradouro ainda é incerta. O especialista expressou preocupações sobre a continuidade do conflito, especialmente com a presença de grupos como o Hamas e o Hezbollah na equação.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, conhecidos como Opep+, mantiveram sua política de produção inalterada no mês passado. O grupo havia planejado aumentar a produção a partir de dezembro, mas as perspectivas do mercado podem levar a um adiamento desse aumento. Ashley Kelty, analista do Panmure Liberum, ressaltou que a alta dos preços de equilíbrio necessários para muitos membros da Opep está se tornando um fator importante a ser considerado nas decisões futuras.