A Vale (VALE3) divulgou seu relatório de produção e vendas do terceiro trimestre de 2024 (3T24), onde reportou uma produção recorde de minério de ferro, a maior desde o quarto trimestre de 2018. 

Neste cenário, a mineradora registrou uma produção de 90,9 milhões de toneladas métricas (Mt) de minério de ferro, representando uma alta de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior e 13% acima do trimestre anterior. 

Tradicionalmente, o terceiro trimestre já apresenta maior produção, mas o desempenho foi impulsionado pelo período mais seco, que reduziu as interrupções nas operações das minas.

Em comunicado aos analistas, o CEO Gustavo Pimenta destacou que a empresa pretende acelerar sua estratégia com foco na recuperação da capacidade produtiva de minério de ferro perdida nos últimos anos.

A companhia também revisou para cima seu guidance de produção para o próximo ano, refletindo maior estabilidade operacional e confiabilidade dos ativos. 

Vale mencionar que os dados divulgados antecedem a divulgação do balanço financeiro do 3º trimestre de 2024 (3T24).

Detalhes do relatório

No segmento de cobre, a produção atingiu 85,9 mil toneladas (kt), um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2023, impulsionada pelo desempenho otimizado das operações de Salobo 1 e 2, apesar de um incidente em uma correia transportadora de Salobo 3, ocorrido em junho.

Em relação ao níquel, houve um crescimento de 12% a/a, totalizando 47,1 kt, resultado da forte performance das minas de Sudbury e do ramp-up contínuo das operações subterrâneas em Voisey’s Bay.

O Sistema Norte foi um dos destaques, com produção de 50,6 Mt, a maior desde 2021, impulsionada pela mina S11D, que entregou 22,1 Mt – um incremento de 2,7 Mt a/a.

Já no Sistema Sudeste, a produção cresceu 3,6 Mt a/a, com destaque para as plantas de Conceição 1 e 2, em Itabira, e Brucutu, que alcançou seu maior volume trimestral desde 2019.

Em contrapartida, o Sistema Sul registrou uma queda de 0,9 Mt, devido à redução nas compras de terceiros e à menor produção de produtos com alto teor de sílica, parcialmente compensada pela retomada das operações em Vargem Grande.

As vendas de pelotas cresceram 18% a/a, totalizando 10,1 Mt, impulsionadas pela forte demanda e maior produção. O preço médio realizado dos finos de minério de ferro foi de US$ 90,6/t, uma redução de US$ 7,6/t em comparação com o trimestre anterior, acompanhando a queda dos preços de referência. Já o preço das pelotas ficou em US$ 148,2/t, uma queda de US$ 9,0/t.

A qualidade média do portfólio da Vale também melhorou, o que contribuiu para o aumento do prêmio all-in, que subiu US$ 1,8/t, atingindo US$ 1,7/t. Esse desempenho foi impulsionado pela maior disponibilidade de produtos de alta qualidade do Sistema Norte e pela estratégia de reduzir as vendas de produtos com alto teor de sílica, alinhada às condições de mercado.

A companhia encerrou o trimestre com 5,5 Mt de estoques ao longo da cadeia de valor, que estão previstos para serem convertidos em vendas no quarto trimestre.

Visão dos analistas

De acordo com a XP, os resultados foram melhores do que o esperado no segmento de níquel, compensados por um desempenho mais fraco nas operações de pelotas.

Entre os principais destaques estão:

  • Embarques de minério de ferro permaneceram estáveis em relação à base anual, com uma queda de 3% em comparação ao que foi projetado pela XP, apesar de um aumento na produção de 5%, atingindo a maior produção desde o 4T18. A diferença é explicada por um aumento de 5,5 milhões de toneladas (Mt) nos estoques no 3T24;
  • Os embarques de pelotas ficaram ligeiramente abaixo das expectativas (-3%), embora tenham apresentado um crescimento de 18% em relação à base anual, impulsionados pela maior disponibilidade de alimentação para pellets nas unidades de Brucutu e Itabira;
  • A produção de níquel teve uma recuperação significativa, com um aumento de 12% anualmente e 69% trimestralmente, impulsionada pelo melhor desempenho nas operações no Canadá.

Por sua vez, o Goldman Sachs destaca que a produção de minério de ferro reportada pela Vale, que alcançou 91 milhões de toneladas no 3T24, ficou 11% acima de sua projeção e 5% acima do consenso da Bloomberg. As vendas foram menores devido ao acúmulo sazonal de estoque, parte do qual deve ser revertida no 4T, dependendo das condições de mercado. A produção de cobre e níquel também superou suas expectativas.

“Este trimestre representa a produção ferrosa mais forte desde o 4T18 e acreditamos que é apenas o começo do que esperamos ser uma recuperação operacional de vários anos, após anos desafiadores desde 2019”, afirmam os analistas do Goldman.

Em relação ao guidance, o BBI mantém a recomendação de outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra), com um preço-alvo de US$ 15 por ADR. Segundo o banco, a perspectiva microeconômica melhorou significativamente nos últimos meses.

“Consideramos que o guidance de produção para 2024 é alcançável para todos os segmentos, embora a produção de pelotas pareça mais desafiadora. Além disso, esperamos que a empresa continue a eliminar os overhangs (fatores de pressão para as ações), com o acordo de Mariana provavelmente sendo anunciado em curto prazo”, destaca o banco, que classifica o valuation da Vale como atrativo.