A Vale (VALE3) divulgou nesta quinta-feira (24) um lucro líquido atribuível aos acionistas de US$ 2,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), representando uma queda de 15% em relação ao mesmo período de 2023 e uma redução de 13% em comparação ao trimestre anterior. 

Apesar do recuo, o resultado superou o consenso da Bloomberg, que projetava um lucro de US$ 1,8 bilhão.

O Ebitda ajustado, que reflete o desempenho operacional, somou R$ 3,7 bilhões, uma queda de 21% no ano e 6% no trimestre. O principal impacto veio de preços mais baixos nos finos de minério de ferro e do aumento nos custos de frete.

Mesmo assim, a desvalorização do real mitigou parte dos impactos negativos. Como exportadora, a Vale se beneficia de um real mais fraco, pois a maior parte de sua receita é em dólar. A receita total no trimestre foi de US$ 9,5 bilhões, uma queda de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O balanço foi divulgado após a mineradora produzir 90 milhões de toneladas métricas (Mt) de minério de ferro, um crescimento de 5,5% em relação ao ano anterior e 13% em comparação ao trimestre anterior, resultado que foi bem recebido por analistas.

Durante o período, a companhia gerou US$ 179 milhões de fluxo de caixa livre. Contudo, o capital de giro foi impactado negativamente em US$ 570 milhões, principalmente devido ao aumento nas contas a receber.

Em relação a dívida líquida, a Vale reportou uma elevação de US$ 1,8 bilhão, totalizando US$ 16,5 bilhões ao final do trimestre, reflexo da redução de caixa. Ainda assim, o indicador dívida líquida/Ebitda ajustado caiu para 0,5 vezes, uma melhora de 17%, indicando uma posição financeira relativamente saudável.

Novo CEO e Mariana

O terceiro trimestre foi marcado por dois eventos relevantes para os acionistas da Vale (VALE3): a definição da liderança executiva e a aproximação de um acordo para encerrar a multa referente ao desastre de Mariana (MG). 

Gustavo Pimenta, antigo CFO da empresa, assumiu oficialmente como CEO em 1º de outubro, após um processo de sucessão disputado.

Em comunicado ao mercado, Pimenta destacou seus objetivos à frente da mineradora, anunciando o foco em acelerar a oferta de produtos de alta qualidade em minério de ferro e ampliar a presença em metais básicos, com ênfase no cobre. 

“Tenho o compromisso de aprimorar nossos relacionamentos institucionais, garantindo um impacto positivo para as pessoas e o meio ambiente”, disse.

A Vale confirmou que amanhã (25), às 9h, será assinado um acordo multibilionário com autoridades estaduais e federais para a reparação e compensação pelo rompimento da barragem de rejeitos em Mariana. 

A tragédia, ocorrida em 2015, deixou 19 vítimas fatais e resultou em pesadas obrigações de reparação para a Vale e a Samarco, sua joint venture.

Segundo a companhia, o potencial acordo definitivo para resolver as pendências de Mariana foi um dos fatores que impactaram negativamente os resultados financeiros do trimestre. A Vale informou que as obrigações financeiras para acertar as contas do desastre podem chegar a R$ 170 bilhões.

Nos resultados do 3T24, a empresa já registrou provisões adicionais de R$ 5,3 bilhões (US$ 956 milhões), refletindo as expectativas preliminares de saída de caixa relacionadas ao acordo.

Atualização do Guidance

A empresa também revisou o guidance (projeção), indicando um custo menor na extração de cobre, reduzindo a faixa de US$/t 3.300-3.800 para US$/t 2.900-3.300.

Em nota enviada ao mercado em setembro, a companhia havia informado que aumentaria sua produção este ano, elevando as estimativas para o volume de produção de minério de ferro e níquel.

A nova estimativa para a produção de minério de ferro em 2024 ficou entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas, comparada à faixa anterior de 310 milhões a 320 milhões de toneladas.

Esse aumento reflete aprimoramentos contínuos na estabilidade operacional e na confiabilidade dos ativos.

Em relação ao níquel, a mineradora projeta uma produção de 153 mil a 168 mil toneladas para este ano.