Os mercados asiáticos enfrentaram uma verdadeira montanha-russa após o feriado de uma semana na China, com a Bolsa de Hong Kong sofrendo uma queda alarmante de 9,41%. Essa movimentação se deu em resposta à decepção com a falta de anúncios concretos de estímulo econômico por parte das autoridades chinesas, o que levantou sérias preocupações sobre a eficácia dos planos já anunciados.

Na última terça-feira, 3 de outubro, os investidores chineses estavam ansiosos pelo detalhamento das medidas de estímulo prometidas pelo governo, mas a coletiva de imprensa realizada por Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), deixou muitos decepcionados. Apesar do Xangai Composto ter fechado em alta de 4,59%, a forte desaceleração que se seguiu ao fechamento reflete uma frustração crescente no mercado. O índice havia alcançado um salto inicial de 10%, na esperança de que novas e significativas medidas de estímulo seriam anunciadas.

O Shenzhen Composto também teve um desempenho positivo, com um avanço de 8,89%, fechando a 2.098,77 pontos. No entanto, a sensação de otimismo não se estendeu ao Hang Seng, que despencou para 20.926,79 pontos. Essa queda pode ser atribuída à realização de lucros por parte de investidores que não viram os resultados esperados nas novas medidas de estímulo.

Durante a coletiva, Zheng destacou que o governo está confiante em manter um crescimento econômico estável e saudável, mas não apresentou detalhes significativos para reativar a economia. O que os analistas esperavam era um pacote de estímulos que chegasse à casa dos trilhões de yuans, mas o que foi anunciado foram apenas 100 bilhões de yuans (US$ 14,1 bilhões) em antecipação de investimentos e um valor similar para projetos de construção.

Essa expectativa não atendida desencadeou uma reação negativa no mercado, levando traders a liquidar parte de suas posições compradas. Pei Hao, analista da corretora internacional Freight Investor Services, comentou: “A tão esperada conferência desta manhã não conseguiu dar o sinal esperado de mais estímulos fortes”. A falta de ações concretas para apoiar setores cruciais da economia, como inovação, produtividade e consumo, acendeu alarmes sobre a direção futura da economia chinesa.

No mercado de commodities, a frustração com os anúncios de estímulo também impactou os preços do minério de ferro. O contrato de janeiro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) caiu 2,37%, encerrando a sessão a 783,5 iuanes (US$ 111,15 dólares) por tonelada. O preço do minério de ferro havia atingido um pico no início da sessão, mas a expectativa de novas medidas de estímulo rapidamente se dissipou.

As expectativas altas que cercavam a coletiva de imprensa foram alimentadas por uma série de políticas de flexibilização monetária e estímulos imobiliários implementados nas semanas anteriores, que inicialmente elevaram os preços do minério de ferro em mais de 20%. No entanto, a ausência de novos anúncios efetivos resultou em um ajuste brusco do mercado, refletindo a incerteza persistente sobre a recuperação econômica da China.

Analistas do JPMorgan observaram que as grandes expectativas para a coletiva de imprensa acabaram se transformando em uma decepção. Eles destacaram que, embora a NDRC não seja responsável pela política fiscal, a composição sênior dos participantes da coletiva e o timing (no primeiro dia útil após o feriado do Dia Nacional) levantaram as expectativas do mercado.

“Isso não ocorreu. Nenhum detalhe fiscal foi fornecido, o que não é surpreendente”, comentaram os analistas do banco. A falta de diretrizes específicas para estimular a economia e lidar com questões estruturais, como o apoio a empresas privadas e a promoção de um ambiente competitivo, levantou dúvidas sobre a capacidade do governo de implementar políticas eficazes que garantam um crescimento econômico sustentável.