Desde que Javier Milei assumiu a presidência da Argentina, os depósitos em dólares nos bancos argentinos cresceram impressionantes 40%, totalizando US$ 19,8 bilhões. Este aumento é o mais significativo desde o final de 2019, conforme dados do banco central. A escalada nos depósitos demonstra um sinal claro de confiança no novo governo e nas reformas propostas por Milei. 

Este crescimento pode ser interpretado como um voto de confiança na estabilidade econômica prometida por Milei, refletindo uma mudança positiva no comportamento econômico dos argentinos, que historicamente guardam dólares em espécie devido a crises cambiais frequentes.

O programa de anistia fiscal, que entrou em vigor em 17 de julho, desempenha um papel crucial neste cenário de aumento de depósitos. Desde sua implementação, aproximadamente US$ 1,4 bilhão foi injetado no sistema financeiro. Os bancos têm aberto cerca de 100.000 novas contas para este fim, e estimativas indicam que o valor mínimo dessas contas será de pelo menos US$ 2 bilhões.

O programa permite que os cidadãos declarem até US$ 100.000 em dinheiro, anteriormente mantido fora do sistema financeiro, sem a necessidade de pagar impostos. Qualquer valor acima desse limite será tributado a uma taxa de 5%, com exceções para investimentos em títulos, imóveis e outras categorias específicas. Os argentinos têm até março de 2025 para declarar suas economias, após o qual terão que pagar impostos mais altos sobre o valor excedente ao limite estipulado.

Os argentinos têm uma longa tradição de manter dólares em espécie devido à volatilidade econômica e crises financeiras recorrentes no país. A movimentação de dólares de volta ao sistema bancário é um desenvolvimento positivo para uma economia que frequentemente enfrenta desafios relacionados à falta de reservas estrangeiras. Esse fluxo de dólares é visto como uma medida necessária para estabilizar a economia e fortalecer o sistema financeiro.

A recente elevação nos depósitos apoia uma das principais promessas de campanha de Milei: a dolarização da economia. Em um podcast transmitido em 30 de agosto, o ministro da Economia, Luis Caputo, destacou que o objetivo da anistia fiscal é acelerar a convivência de diferentes moedas e não apenas arrecadar impostos. Ele enfatizou que a medida oferece uma oportunidade de baixo custo para que os cidadãos investam e aproveitem suas economias, potencialmente estimulando a economia interna.

Apesar do aumento significativo, os depósitos em dólares ainda representam apenas uma fração dos US$ 204 bilhões que o banco central estima estar guardado em espécie pela população. Os níveis de depósitos estão abaixo do pico de US$ 32,5 bilhões registrado em agosto de 2019. As reservas líquidas do banco central continuam sendo um desafio, situando-se em níveis negativos de aproximadamente US$ 6 bilhões, com os passivos da instituição superando seus ativos.