O fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, encerrou março com uma valorização de 1,52%, superando mais de 180% do CDI. O fundo multimercado optou por manter suas posições tanto na bolsa brasileira (B3) quanto no exterior, enquanto aumentou sua exposição em títulos prefixados de curto prazo no mercado local, conforme relatório divulgado na última segunda-feira (08).

Entretanto, as perdas do fundo Verde foram concentradas nos juros brasileiros, tanto reais quanto nominais.

No mercado global, o fundo permaneceu focado nas taxas de juros reais dos Estados Unidos, com uma pequena alocação em petróleo. Além disso, a posição “vendida” em minério de ferro obteve sucesso.

Economia local continua surpreendendo

No fechamento do primeiro trimestre de 2024, o fundo Verde ainda apresentava um desempenho abaixo do CDI, com uma valorização de 2,15%, em comparação com os 2,62% do referencial.

Segundo a carta de gestão, a Verde observou que “o preço mais importante do mundo – a taxa de juros norte-americana – continuou dominando as atenções do mercado de maneira quase absoluta”. O mês de março seguiu essa tendência, com a alta da curva de juros nos Estados Unidos exercendo pressão em todas as outras curvas de juros do mundo, incluindo a brasileira, e impactando os preços de todos os ativos.

Apesar disso, alguns componentes do cenário global mostraram mudanças marginais importantes, complementando o contexto de pressão nas taxas de juros. Entre eles:

  • O preço do petróleo subiu 12% (barril de Brent) no ano, devido às questões geopolíticas na Ucrânia-Rússia e no Oriente Médio;
  • Vários indicadores de ciclo manufatureiro de curto prazo, como os PMIs globais, mostraram sinais de alguma aceleração após dois anos de fraqueza;
  • As eleições presidenciais dos EUA entraram em pauta, com discussões relevantes sobre aumento de tarifas e potenciais consequências na inflação.

Em outra perspectiva, a gestão observa sinais de um choque de oferta positivo que tem afetado a economia dos Estados Unidos, impulsionado pelo aumento da imigração e possivelmente pelos efeitos da inteligência artificial.

“Apesar das numerosas complexidades do cenário, mantivemos o portfólio alocado em ações e com posições aplicadas nas taxas de juros reais dos EUA”, afirma o documento.

Quanto ao cenário local, a gestão do fundo Verde avalia que, como de costume, “mais uma vez atravessamos a rua para tropeçar na casca de banana que está do outro lado”. Além disso, a equipe destaca “ruídos de toda ordem, interferência na gestão de estatais, conflitos entre poderes e agendas macro mal coordenadas”. No entanto, a gestão ressalta que a economia continua surpreendendo positivamente e com inflação bem controlada, enquanto os ativos se tornam mais acessíveis.

“Observamos uma assimetria interessante se formando na parte curta da curva de juros brasileira, como resultado da dinâmica global e dos ruídos locais, e gradualmente temos aumentado o risco nessa área.”