O “dólar blue”, que é a principal taxa de câmbio paralela utilizada na Argentina para o dólar dos Estados Unidos, alcançou pela primeira vez a marca de 1.000 pesos, seguindo uma tendência de valorização significativa antes das eleições presidenciais no país.

Na terça-feira (10), o governo argentino anunciou a unificação de três taxas de câmbio paralelas do dólar: o “solidário”, “Catar” e “tarjeta”. Essa medida visa aumentar a carga tributária sobre transações em cada uma dessas categorias e, assim, aumentar a arrecadação de impostos.

Essa é uma das várias ações tomadas para conter a fuga de dólares do país, que enfrenta uma grave crise cambial, especialmente às vésperas da eleição presidencial. A Argentina está sofrendo com uma inflação descontrolada, a falta de confiança de investidores estrangeiros e uma escassez de reservas monetárias.

Em comparação, a taxa de câmbio oficial do dólar na Argentina está em torno de 365 pesos.

Sempre que medidas desse tipo são implementadas, o dólar blue é afetado, já que ele opera sem a intervenção das autoridades. Ele já vinha se valorizando devido ao cenário econômico desafiador e à incerteza relacionada às eleições.

Na segunda-feira (9), o candidato presidencial ultraliberal da Argentina, Javier Milei, reafirmou seus planos de adotar o dólar como moeda oficial e aconselhou as pessoas a evitarem o peso argentino. Ele é o favorito nas pesquisas para as eleições de 22 de outubro.

“Jamais em pesos, jamais em pesos. O peso é a moeda emitida pelos políticos argentinos, portanto, não pode valer nem um centavo, pois esses políticos não servem nem como adubo”, afirmou Milei em uma entrevista à Radio Mitre.

Além de sua proposta de dolarização, Milei reiterou sua intenção de fechar o Banco Central, o que, na prática, significaria uma dolarização completa da economia. No entanto, isso gerou preocupações entre os economistas, pois o país precisaria ter reservas internacionais substanciais para garantir o acesso da população ao dólar no curto prazo. Além disso, a Argentina ficaria sujeita às decisões de política de juros do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.

O que é ‘dólar blue’ e qual a diferença para o câmbio oficial?

O dólar blue segue uma dinâmica semelhante à de qualquer taxa de câmbio, com um preço que varia diariamente e regras de negociação aplicáveis. No entanto, a distinção crucial em relação ao câmbio oficial reside na maneira como o valor da moeda é determinado.

A cotação oficial é estabelecida através da conversão de moeda estrangeira para o peso, conduzida por entidades regulamentadas pelo Banco Central da Argentina. Por outro lado, o dólar blue tem seu valor estipulado por instituições não submetidas a regulamentações, as quais têm a liberdade de vender a moeda a preços que decidirem, dependendo da demanda.

Além do dólar blue, a Argentina mantém mais de 10 outras cotações para o dólar, concebidas com a finalidade de conter a saída de divisas do país e também de incentivar a entrada delas.

Com informações de G1