Durante o último confronto antes do segundo turno da eleição presidencial argentina que acontecerá no próximo domingo (19), os candidatos Javier Milei e o atual ministro da Economia, Sergio Massa, protagonizaram um debate acirrado.

A relação com o Brasil emergiu como um ponto crucial de discussão, com Massa acusando Milei de planejar romper relações com o país vizinho, um dos maiores parceiros comerciais da Argentina. Em resposta, Milei questionou o histórico do governo de Massa, lembrando da falta de diálogo entre o presidente Alberto Fernández e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. De forma incisiva, Milei defendeu sua decisão de não se reunir com o ex-presidente Lula, questionando: “Qual é o problema se eu falo ou deixo de falar com Lula?”.

Ao surpreender ao evitar a crise econômica como peça central de sua estratégia, Milei optou por declarações polêmicas. Expressou apoio à controversa ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, historicamente vista com desconfiança pelos argentinos devido à Guerra das Malvinas. Além disso, o candidato libertário se contradisse em relação ao corte de subsídios do governo e fez alegações sobre a edição de vídeos por brasileiros para favorecer Massa nas redes sociais.

Sergio Massa, por sua vez, ironizou a proposta de Milei de fechar o Banco Central, atribuindo a ideia ao fato de o adversário, que já trabalhou na instituição, não ter tido seu contrato renovado na época.

Primeiro turno das eleições na Argentina

No primeiro turno, Massa conquistou 36,68% dos votos, enquanto Milei alcançou 29,98%. As pesquisas mais recentes indicam uma disputa acirrada no segundo turno, com a Atlas Intel (10 de novembro) apontando Milei com 52,1% e Massa com 47,9%, e a Celag (10 de novembro) mostrando Massa com 50,8% e Milei com 49,2%.

O primeiro turno revelou a presença de outros três candidatos, somando 33,31% dos votos. Patricia Bullrich, terceira colocada com 23,83%, declarou apoio a Milei, mas a coligação Juntos pela Mudança, da qual faz parte, rachou. O partido Proposta Republicana, de Mauricio Macri, apoia Milei, enquanto a União Cívica Radical está em campanha por Sergio Massa. O racha na coligação evidencia a complexidade das alianças políticas nesta etapa crucial da eleição argentina.