CVM impõe multa de R$ 102 milhões ao ‘Faraó dos Bitcoins’ por fraude
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou uma multa no valor de R$ 102 milhões a Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”. Tanto Glaidson quanto a empresa G.A.S. Consultoria e Tecnologia e Mirelis Yoseline Diaz Zerpa foram multados individualmente em R$ 34 milhões. Essas penalidades foram impostas devido à condução de uma […]

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou uma multa no valor de R$ 102 milhões a Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”. Tanto Glaidson quanto a empresa G.A.S. Consultoria e Tecnologia e Mirelis Yoseline Diaz Zerpa foram multados individualmente em R$ 34 milhões. Essas penalidades foram impostas devido à condução de uma oferta pública de valores mobiliários sem o devido registro ou dispensa da CVM. A empresa em questão pertence aos dois mencionados.
Por conta das acusações de fraude, todos os envolvidos estão sujeitos a uma proibição de 8 anos e meio de atuação, direta ou indiretamente, em qualquer forma de atividade dentro do mercado de valores mobiliários.
Glaidson Santos, que é também chamado de “Faraó dos Bitcoins”, encontra-se detido na Penitenciária Federal de Catanduvas, localizada no Paraná. Ele foi transferido para essa prisão em janeiro deste ano, depois de ter sido preso em agosto de 2021. As acusações que recaem sobre ele incluem a operação de um esquema de pirâmide financeira envolvendo moedas digitais, resultando em prejuízos substanciais para os investidores.
Relembre o caso do “Faraó dos Bitcoins”
Anteriormente atuando como garçom e pastor, Santos liderou em Cabo Frio (RJ) um empreendimento ilícito que envolveu pelo menos 8.976 indivíduos – 6.249 pessoas físicas e 2.727 empresas jurídicas -, conforme indicado pelo relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), baseado em informações fornecidas pelo Ministério Público Federal (MPF). O esquema foi desarticulado pela Polícia Federal na operação Krytos, executada em agosto de 2021.
O apelidado “Faraó” estava preso desde então. A empresa G.A.S., categorizada como uma “instituição financeira ilegal” na acusação do MPF, teve sua falência decretada em fevereiro deste ano. Zerpa partiu para os Estados Unidos, onde alegadamente busca uma carreira musical. Supostamente, ela manteve contas no exterior, que eram abastecidas com os recursos obtidos através do esquema fraudulento.
Santos não emitiu posicionamento durante o processo instaurado pela CVM. Contudo, durante uma sessão da CPI das Criptomoedas em 12 de julho, realizada por videoconferência, ele negou que sua companhia fosse uma fachada para um esquema de pirâmide financeira. Ele afirmou que a promessa de retorno era baseada na “experiência da empresa”. O negócio alegava um retorno médio de 10% ao mês ao longo de 12 meses.
O “Faraó” alegou que a incapacidade de cumprir seus compromissos era culpa da Polícia Federal: “A empresa G.A.S. nunca deixou de pagar seus clientes. Ela foi prejudicada pela intervenção da PF, o que paralisou suas atividades”. Ele garantiu que a empresa “nunca atrasou um único dia em nove anos de operação” e sempre efetuou pagamentos antecipados aos clientes. Ele assegurou que, ao desbloquear os recursos retidos nas plataformas e recuperar o que foi confiscado pela PF, a G.A.S. teria condições de retomar suas operações.
A investigação da Polícia Federal revelou que Santos era encarregado das operações comerciais do esquema, recrutando novos investidores e liderando os demais membros responsáveis por angariar fundos. Mirelis Zerpa, com amplo conhecimento em criptomoedas, cuidava das operações. Após a operação Kryptos ser deflagrada, “ela foi responsável por efetuar saques sucessivos e diversos”, totalizando R$ 1,063 bilhão, de acordo com a acusação do Ministério Público Federal (MPF), que contribuiu para embasar o processo na CVM.