A empresa Minerva Foods (BEEF3) anunciou sua intenção de concluir a aquisição dos 16 ativos da Marfrig (MRFG3) na América do Sul em até um ano. O acordo avaliado em R$ 7,5 bilhões foi divulgado nesta terça-feira. Devido ao comprometimento financeiro necessário para essa transação, a Minerva declarou que não planeja efetuar novas aquisições nos próximos dois anos.

Durante uma teleconferência com analistas, a gestão da Minerva expressou confiança de que a transação não será vetada pelos órgãos antitruste da região. No Brasil, a Minerva adquirirá 11 unidades da Marfrig, o que resultará em um aumento significativo de seus frigoríficos no país. No Uruguai, a empresa expandirá suas operações de três para seis unidades, estabelecendo-se como o principal frigorífico no país vizinho.

Processo de aprovação e impacto no mercado

Edison Ticle, CFO da Minerva, destacou que seguirão os procedimentos regulatórios em cada país e têm a intenção de apresentar a documentação necessária o mais rapidamente possível. A empresa estima que o processo de fechamento não ultrapassará 12 meses. Com a conclusão dessa fusão e aquisição, espera-se que a Minerva Foods alcance uma participação de mercado de aproximadamente 35% na América do Sul.

No Brasil, aproximadamente metade do abate de bovinos com aprovação do Ministério da Agricultura e mais de 50% das exportações poderiam estar sob a responsabilidade da Minerva e da JBS, o que poderia impactar a negociação de preços com os produtores rurais. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliará essa concentração de mercado e tomará a decisão final sobre a transação no país.

Diversificação geográfica Minerva

Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva, ressaltou que essa aquisição proporciona à empresa uma diversificação geográfica única e não replicável em todo o mundo. Ele enfatizou que esta será a 20ª fusão e aquisição da empresa e acredita que a integração e a busca por sinergias ocorrerão sem maiores desafios.

Projeções financeiras 

A Minerva estima que as novas instalações têm o potencial de gerar até R$ 400 milhões em fluxo de caixa livre adicional anualmente, mantendo custos praticamente estáveis. No entanto, para atingir a produtividade e margens necessárias, a empresa planeja investir entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões nas novas plantas ao longo de 18 meses.

Os executivos da Minerva reforçaram que a empresa não pretende realizar novas aquisições nos próximos dois anos. Com base nos números pro-forma do segundo trimestre do ano, a alavancagem da empresa está acima do ideal, o que a levará a não pagar dividendos por pelo menos um exercício financeiro até a estabilização da alavancagem.

Edison Ticle afirmou que a empresa está explorando opções para reduzir o custo do empréstimo de R$ 6 bilhões obtido junto ao JP Morgan. Dentre as considerações estão a emissão de títulos (bonds), debêntures e empréstimos sindicalizados. No entanto, não há planos para uma oferta subsequente de ações (“follow-on”) para reforçar o capital.