Walgreens será adquirida pela Sycamore Partners após quase 100 anos de ações na Bolsa

A Walgreens Boots Alliance foi adquirida pela Sycamore Partners por US$ 10 bilhões, encerrando quase 100 anos de negociações em bolsa.

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07 de mar, 2025 às 12:30
Walgreens será adquirida pela Sycamore Partners após quase 100 anos de ações na Bolsa Walgreens será adquirida pela Sycamore Partners após quase 100 anos de ações na Bolsa

A rede norte-americana de farmácias Walgreens Boots Alliance está prestes a encerrar sua longa trajetória como uma empresa de capital aberto, após quase 100 anos de negociações na bolsa de valores. A Sycamore Partners, uma firma de private equity, adquiriu a companhia por US$ 10 bilhões, marcando o fim de uma era para a segunda maior rede de farmácias dos Estados Unidos.

Aquisição pela Sycamore Partners e o valor de mercado da Walgreens

A transação, anunciada na noite de quinta-feira (06), coloca um ponto final na história de quase um século de negociação pública da Walgreens. A Sycamore pagará US$ 11,45 por ação, um prêmio de 8% sobre o preço de fechamento de US$ 10,60 da ação na data anterior. Embora o preço de compra represente um valor considerável, ele é uma fração dos US$ 100 bilhões que a Walgreens valia há apenas dez anos.

A queda abrupta no valor de mercado da empresa é um reflexo de uma série de desafios financeiros e estratégicos. Em 2015, a Walgreens era avaliada em US$ 100 bilhões, mas hoje, com uma dívida que ultrapassa US$ 30 bilhões e margens de lucro em declínio, seu valor foi reduzido para US$ 9,3 bilhões na última quinta-feira. A gigante farmacêutica enfrentou uma concorrência crescente de rivais como Amazon e Walmart, que ofereceram alternativas mais baratas e com foco em varejo online.

Desafios e estratégias falhas

Um dos principais motivos para o declínio da Walgreens foi a desaceleração nas margens de medicamentos, juntamente com uma mudança no comportamento dos consumidores, que começaram a migrar para concorrentes mais baratos e prontos para investir em novos modelos de negócios. Empresas rivais, como Amazon e Walmart, não só entraram no mercado de farmácias, mas também diversificaram seus serviços, oferecendo desde seguros até o gerenciamento de prescrições médicas. A Walgreens, por outro lado, fez aquisições em vez de se adaptar ao novo cenário, investindo bilhões na compra de outras redes de farmácias, como a europeia Alliance Boots. Esse movimento, embora estratégico à época, não foi suficiente para impedir o declínio do varejo físico, que vem perdendo terreno para plataformas online.

Além disso, a empresa enfrentou uma gestão errática ao longo dos anos. O ex-presidente-executivo, Stefano Pessina, embora tenha sido um dos principais acionistas da Walgreens, viu a companhia perder cerca de 50% de seu valor de mercado durante seu mandato. O cenário foi ainda pior após sua saída, em 2021, com o valor da empresa caindo para menos de US$ 50 bilhões.

O papel da Sycamore Partners

A Sycamore Partners, que se especializa em aquisições de empresas em dificuldades no setor varejista, pagará US$ 10 bilhões pela Walgreens. A firma de private equity tem um histórico de reestruturar e gerar lucro com empresas que enfrentam problemas financeiros. A estratégia adotada por Sycamore em aquisições anteriores incluiu a venda de ativos valiosos das empresas-alvo e a implementação de cortes de custos significativos, como o fechamento de lojas e a redução de operações.

A Walgreens, sob a liderança de Tim Wentworth, começou a implementar um programa de corte de custos de US$ 1 bilhão, que incluiu o fechamento de milhares de lojas e a demissão de funcionários. Com 312 mil empregados e 12 mil lojas espalhadas por oito países, a rede farmacêutica está tentando recuperar o terreno perdido nos últimos anos. Contudo, a Sycamore pode seguir sua estratégia de cortes adicionais e reestruturação para tornar a Walgreens mais rentável a curto prazo, em vez de focar em um crescimento a longo prazo.

A estratégia de reestruturação e o futuro da Walgreens

Com a aquisição da Walgreens, a Sycamore Partners provavelmente tomará medidas drásticas para reduzir custos e focar em operações mais rentáveis. O fechamento de lojas e a venda de ativos não lucrativos, como foi o caso em aquisições anteriores, podem ser passos futuros para maximizar os lucros para os acionistas. Embora isso possa gerar dividendos no curto prazo, a dúvida fica quanto ao impacto no futuro da empresa a longo prazo.

A Walgreens, que já foi uma das maiores empregadoras do setor farmacêutico, agora vê seu papel no mercado reconfigurado, em grande parte devido a uma mudança no comportamento dos consumidores, que preferem soluções de compras mais rápidas e práticas, como o varejo online. O modelo físico de negócios da Walgreens, focado em lojas físicas e atendendo a uma clientela em um modelo de varejo tradicional, já não é mais o suficiente para competir com gigantes do comércio eletrônico, que dominam o mercado atual.