Dependência de Elon Musk impulsiona Tesla, mas amplia riscos, aponta Barclays
A valorização das ações da Tesla reflete o impacto do “Prêmio Elon”, termo que destaca a influência direta de Elon Musk no valor da empresa.

As ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) dispararam quase 40% após a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA, destacando um fator crucial no mercado: o chamado “Prêmio Elon Musk”. Esse fenômeno ilustra como a figura de Elon Musk impulsiona o valor da Tesla, mas também levanta sérios riscos relacionados à centralização da companhia no bilionário. A análise feita pelos estrategistas do Barclays destaca a relação entre a valorização das ações da Tesla e a influência de Musk, que, ao mesmo tempo, torna a empresa vulnerável a sua dependência excessiva.
O impacto do “Prêmio Elon” no valor da Tesla
O que é o “Prêmio Elon”? A expressão refere-se ao impacto direto que a imagem e a presença de Elon Musk têm no valor da Tesla, uma das empresas mais inovadoras e admiradas do mundo. Após a vitória de Trump, as ações da Tesla fecharam com um ganho de 28%, refletindo o peso que Musk exerce sobre a empresa. Segundo o Barclays, essa alta foi um reflexo da capacidade única de Musk em dominar a narrativa do mercado, tornando a Tesla um ativo ainda mais desejável. O “Prêmio Elon” agora representa a maior parte relativa do valor da Tesla nos últimos cinco anos, o que levanta preocupações sobre os riscos de depender excessivamente de uma figura central.
Por que o “Prêmio Elon” é uma faca de dois gumes?
Embora o “Prêmio Elon” tenha ajudado a elevar as ações da Tesla, ele também evidencia uma fragilidade fundamental: a dependência da figura de Musk. Para o Barclays, embora a Tesla conte com uma equipe técnica altamente qualificada, a liderança de Musk continua sendo o principal motor da empresa. Os riscos dessa dependência estão no fato de que, caso Musk enfrente contratempos pessoais ou desafios à sua imagem, a Tesla poderia sofrer um impacto significativo, afetando diretamente o valor de mercado da companhia.
Além disso, a centralização de Musk na Tesla acentua a ideia de que investir na empresa é, de certo modo, um investimento na própria imagem e nas decisões de Musk. Com isso, a narrativa da Tesla se torna intimamente ligada ao bilionário, aumentando o risco da companhia estar mais vulnerável a flutuações de mercado e mudanças na percepção pública de seu CEO.
As implicações das políticas do novo governo para a Tesla
Após a eleição de Trump, o Barclays também destaca os impactos que a administração Trump pode ter sobre a Tesla. Embora a presidência de Trump possa trazer desafios para a empresa, como a possível retirada do crédito fiscal de US$ 7.500 para veículos elétricos em 2026, a relação de Musk com Trump pode também gerar vantagens para a Tesla.
Musk, que foi um defensor do presidente eleito, é visto como uma figura de destaque no novo governo. Ele foi nomeado co-líder do Departamento de Eficiência Governamental, e, com isso, a Tesla poderia se beneficiar de políticas mais favoráveis, como a flexibilização de regulamentações para veículos autônomos. Essas mudanças poderiam acelerar a adoção da tecnologia de direção autônoma, um dos maiores objetivos da Tesla.
Possíveis oportunidades para a Tesla com o novo governo
Com a relação próxima entre Musk e Trump, a Tesla pode se beneficiar de uma série de mudanças políticas que favorecem a empresa. A flexibilização das regulamentações de veículos autônomos e a aceleração dos testes de carros sem motorista poderiam colocar a Tesla à frente de seus concorrentes. No entanto, a tecnologia da empresa ainda precisa evoluir para que a Tesla se consolide como líder nesse mercado emergente. Concorrentes como Waymo, que já estão mais avançados na implantação de carros totalmente autônomos, podem representar um obstáculo significativo para a Tesla.
Além disso, a Tesla também pode ser beneficiada por subsídios exclusivos de produção ou tratamentos tarifários favoráveis, especialmente caso consiga vender veículos para frotas do governo. Isso poderia representar um aumento substancial no volume de vendas e ajudar a consolidar ainda mais a posição da empresa no mercado.
A visão do Barclays sobre o futuro da Tesla
Apesar da relação entre Musk e Trump ser vista como vantajosa para a Tesla, o Barclays mantém uma visão cautelosa sobre o futuro da empresa. O banco manteve sua recomendação de “Equal Weight” (na média do mercado) para as ações da Tesla, elevando o preço-alvo de US$ 235 para US$ 270. Essa recomendação reflete a estabilidade atual dos fundamentos da empresa e o impacto positivo do “Prêmio Elon”, mas o Barclays alerta que os elevados múltiplos preço/lucro (P/L) da Tesla, que hoje estão em 100x, indicam que a empresa ainda pode estar sobrevalorizada.
Os riscos legais e tecnológicos para a Tesla
Outro ponto destacado na análise da Bernstein é a dependência da Tesla em relação à tecnologia de direção autônoma, que, embora seja um dos principais focos da empresa, ainda enfrenta desafios tecnológicos. Caso a Tesla falhe em aprimorar essa tecnologia, pode ser exposta a riscos legais e regulatórios significativos. Estados e consumidores podem rejeitar ou até proibir o uso de veículos sem motorista, afetando gravemente o futuro da Tesla.