Super Quarta: juros nos EUA mantidos e cortes no Brasil só em 2026 devido à incerteza fiscal
Nesta Super Quarta, o Federal Reserve deve manter os juros estáveis entre 4,25% e 4,5%, enquanto o Copom brasileiro pode manter ou elevar a taxa, adiando cortes para 2026.

Nesta quarta-feira (18), acontece a tão aguardada Super Quarta, momento em que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil definem a política de juros para os próximos meses. A expectativa do mercado financeiro é alta, com a atenção voltada para a decisão do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom). A principal notícia é que os juros devem permanecer em pausa tanto nos EUA quanto no Brasil. Porém, enquanto os americanos indicam possíveis cortes já no fim deste ano, no Brasil as incertezas fiscais e políticas empurram o início dos cortes para 2026.
Juros em pausa na Super Quarta: o que esperar dos EUA e do Brasil
A Super Quarta deste ano traz decisões cruciais para a economia global e doméstica. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5%. Essa decisão se baseia nos dados recentes da balança comercial e do mercado de trabalho. Apesar do choque tarifário imposto pela política comercial do governo Trump, a economia americana mostra resiliência. O emprego cresceu nos últimos meses e a taxa de desemprego se manteve estável.
No Brasil, o cenário é mais complexo. O Copom pode manter os juros em 14,75% ou até mesmo elevá-los a 15%, segundo pesquisa com gestores da XP Investimentos. A inflação relativamente controlada contrasta com a pressão contínua do núcleo de serviços e um mercado de trabalho resistente. Além disso, o governo anunciou medidas de contingenciamento de despesas, que podem ajudar a segurar a inflação. No entanto, o debate político e fiscal intenso, aliado à proximidade das eleições de 2026, gera um ambiente de incerteza. Esse cenário pesa contra cortes rápidos na taxa de juros.
Por que os cortes de juros são adiados no Brasil?
A decisão do Banco Central brasileiro de manter juros elevados até 2026 está diretamente ligada a uma série de fatores econômicos e políticos. O núcleo de serviços acumula inflação elevada, em torno de 6,75% nos últimos 12 meses. Isso reforça a necessidade de o Banco Central adotar uma política monetária contracionista para conter a alta dos preços.
Além disso, a situação fiscal do país permanece delicada. As discussões no Congresso sobre medidas de arrecadação e o controle rigoroso dos gastos públicos são determinantes para o ambiente de negócios. Eles também impactam a confiança dos investidores. O governo anunciou recentemente o contingenciamento de despesas, que ajuda a reduzir a pressão inflacionária. No entanto, o cenário fiscal ainda representa um risco importante para a política de juros.
Por fim, as eleições de 2026 criam um clima de incerteza política, que tende a atrasar o início de cortes mais agressivos na taxa básica de juros, segundo analistas. Essa combinação de fatores faz com que a política monetária brasileira permaneça mais rígida por um período prolongado. Cortes apenas cautelosos e graduais estão previstos para o próximo ano.
Possibilidade de cortes no fim de 2024 nos EUA
Enquanto o Brasil mantém uma postura mais conservadora, nos Estados Unidos o mercado começa a precificar a possibilidade de cortes nos juros já no último trimestre de 2024. A análise da LCA Consultoria aponta para um movimento cauteloso do Fed, que deve preservar as taxas atuais até que haja maior certeza sobre os impactos da política tarifária e a dinâmica econômica.
O bom desempenho do mercado de trabalho americano e a estabilidade da balança comercial indicam que a economia está suportando bem os efeitos das tarifas impostas, o que dá espaço para o banco central iniciar um ciclo de redução gradual dos juros. Economistas, como Felipe Vasconcellos, da Equus Capital, reforçam essa expectativa, mas alertam que o movimento será lento e dependente dos próximos indicadores econômicos.
Divisão do mercado e estratégias para investidores
No Brasil, o mercado está dividido em relação à decisão do Copom. Enquanto uma parte acredita que os juros devem permanecer estáveis, outra metade projeta alta de 0,25 ponto percentual. Essa indefinição exige que investidores e empresas adotem estratégias cautelosas e priorizem ativos mais sólidos, para se protegerem da volatilidade e das incertezas fiscais e políticas.
Especialistas como Pedro Ros, CEO da Referência Capital, recomendam que o ambiente de juros altos deve ser encarado com planejamento e previsibilidade. Já Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, ressalta que a política monetária deverá manter uma postura “hawkish” (mais dura) até que a inflação seja controlada e as expectativas de mercado sejam ancoradas.
Além disso, a continuidade da desinflação dependerá do controle rigoroso dos gastos públicos, especialmente em programas como o Novo PAC, e da capacidade do governo de evitar um novo ciclo inflacionário global, potencializado por tensões geopolíticas recentes.