Setor musical em alerta com iminente proibição do TikTok nos EUA

O setor musical está se preparando para a iminente proibição do TikTok nos Estados Unidos, prevista para o próximo domingo.

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18 de jan, 2025 às 11:30
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A iminente proibição do TikTok nos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor a partir de domingo, 19, está deixando a indústria musical em alerta máximo. A plataforma, que se tornou um dos principais canais de promoção e descoberta para músicos de todos os estilos, está prestes a ser retirada do ar, e os profissionais da música estão correndo contra o tempo para proteger o conteúdo que ajudou muitos artistas a alcançar fama internacional. O fechamento do TikTok é visto como um dos maiores desafios para o marketing musical, em um momento em que a plataforma se tornou essencial para artistas emergentes e já estabelecidos.

O impacto do TikTok na música

Nos últimos anos, o TikTok não foi apenas um meio de consumo de vídeos curtos, mas se consolidou como uma ferramenta essencial para a indústria musical. A plataforma possibilitou que canções se tornassem virais, dando aos artistas uma exposição sem precedentes, que muitas vezes ultrapassava as fronteiras do tradicional marketing musical. Tatiana Cirisano, analista da indústria musical na MIDIA Research, descreve o fechamento iminente como um “apocalipse de marketing”, enfatizando o quanto a plataforma foi crucial para a descoberta e promoção de novos talentos.

Com o TikTok se tornando o principal ponto de partida para artistas em busca de uma base de fãs, a plataforma também ganhou relevância para aqueles já estabelecidos. Artistas como Lil Nas X, Megan Thee Stallion e Olivia Rodrigo viram suas músicas dispararem nas paradas globais graças a tendências iniciadas no TikTok. Para eles, o aplicativo se tornou uma vitrine essencial para o lançamento de novos singles e a criação de uma conexão direta com seus fãs.

O futuro da promoção musical sem o TikTok

A principal pergunta que surge entre os profissionais da indústria é: qual plataforma pode preencher a lacuna deixada pelo TikTok? Embora o YouTube Shorts e o Instagram Reels sejam os concorrentes mais óbvios, nenhum deles conseguiu ainda replicar o mesmo sucesso viral do TikTok. A plataforma de vídeos curtos do YouTube, por exemplo, tem uma base de usuários considerável, mas falta-lhe o mesmo “peso cultural” que o TikTok conquistou, segundo Cirisano.

Jahan Karimaghayi, cofundador da Benchmob, uma empresa de marketing digital especializada na indústria musical, afirma que os artistas podem ser forçados a recorrer ao Instagram. Contudo, ele explica que o Instagram tende a ser mais focado na exibição de conteúdo para os seguidores, em vez de criar oportunidades para novos públicos descobrirem músicas de forma orgânica, como no caso do TikTok.

A diferença fundamental entre essas plataformas está no seu modelo de descoberta de conteúdo. No TikTok, a viralidade está mais relacionada ao som e ao desafio que ele propõe, permitindo que qualquer usuário crie conteúdo que, se atingir a audiência certa, pode ganhar imensa popularidade, independentemente do número de seguidores que o usuário tenha. Essa característica não se repete com a mesma eficácia no Instagram ou no YouTube, que priorizam a exibição para uma rede já estabelecida de seguidores.

A pressão sobre artistas e as alternativas emergentes

Enquanto alguns profissionais de marketing e artistas lamentam o fim do TikTok, outros veem a possibilidade de um alívio mental. A pressão para criar conteúdo viral constantemente no TikTok tem gerado estresse entre muitos artistas. O TikTok transformou a produção de vídeos musicais de alta qualidade em um formato mais improvisado e caseiro, onde os artistas são praticamente forçados a se tornar produtores, roteiristas e cinegrafistas de seus próprios conteúdos. Para alguns, esse cenário gerou uma sobrecarga de trabalho, levando ao esgotamento mental.

“Existem artistas que podem respirar aliviados com a saída do TikTok. A pressão para ser viral a todo momento tem sido imensa”, disse Cirisano. Para Sarah Flanagan, especialista em marketing de influência no setor musical, o TikTok também permitiu que artistas criassem conteúdos de baixo custo que alcançavam milhões de pessoas, o que representava uma oportunidade única de divulgação sem a necessidade de investimentos massivos em videoclipes ou campanhas publicitárias.

Enquanto isso, novas alternativas, como o RedNote, estão ganhando popularidade, especialmente entre os usuários americanos. O aplicativo chinês de vídeos curtos, que superou o TikTok em número de downloads na Apple Store, é uma das plataformas que podem tentar preencher o vazio deixado pelo fechamento do TikTok nos Estados Unidos.

A influência do TikTok fora dos EUA

Embora a proibição do TikTok no mercado dos EUA possa ter efeitos diretos sobre artistas e profissionais da indústria local, a plataforma ainda continuará sendo uma força de marketing musical em outros países. Artistas internacionais, principalmente na América Latina, Ásia e África, continuarão a usar o TikTok para promover suas músicas e interagir com seus fãs. Além disso, mercados como a América Latina podem se beneficiar com o aumento da presença do TikTok, já que, ao contrário dos EUA, a plataforma ainda mantém um grande crescimento e engajamento.

A proibição também pode significar um retorno ao poder para os “agentes tradicionais” da música, como gravadoras e agentes de publicidade, que antes viam seu poder esmaecer com a ascensão das plataformas digitais. Para Flanagan, “às vezes a mudança é boa”, e isso pode proporcionar um novo equilíbrio na indústria, com mais foco nas estratégias tradicionais de marketing e divulgação.