A Cemig (CMIG4), uma das principais distribuidoras de energia de Minas Gerais, enfrenta desafios típicos de empresas estatais, que, segundo a head de Relações com Investidores, Carolina Senna, podem ser comparados a “correr com um saco de areia nas costas”. A afirmação foi feita durante o evento AGF Day, onde Senna detalhou as dificuldades e vantagens de manter uma companhia sob controle do governo, em meio a discussões sobre federalização e possíveis mudanças na estrutura societária da empresa.

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Ser estatal é um desafio para investidores

De acordo com Carolina Senna, o caráter estatal da Cemig gera desconfiança no mercado, principalmente entre investidores estrangeiros. “Por ser estatal, quando comparamos com outras empresas, é como se estivéssemos correndo com um saco de areia nas costas. Percebemos que é mais difícil, o papel às vezes não reage ou responde da mesma forma”, afirmou.

O comentário reflete a percepção do mercado de que estatais, por conta da influência política, apresentam riscos adicionais. Apesar disso, Senna destaca que a governança da Cemig evoluiu significativamente nos últimos anos. A Lei 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, trouxe melhorias importantes, reforçadas pelo estatuto e pelas políticas internas da companhia, aumentando a confiança de investidores e do público em geral.

Foco nos negócios regulados garante estabilidade

A Cemig mantém atenção especial aos negócios regulados, que incluem geração e distribuição de energia elétrica em Minas Gerais. Segundo Senna, independentemente de quem esteja no comando do governo estadual, esses investimentos permanecem prioritários. “No fundo, o que importa é a população mineira, e isso é indiferente ao governo”, explicou a executiva.

Essa estratégia reforça a previsibilidade das operações da empresa e minimiza riscos políticos que poderiam afetar seu desempenho. É uma forma de garantir resultados consistentes mesmo em um ambiente de incerteza institucional, mantendo a confiança do mercado e a valorização das ações CMIG4.

Avaliação e perspectivas de federalização

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) iniciou a elaboração de um laudo para avaliar o valor justo das participações do governo de Minas Gerais na Cemig e na Copasa (CSMG3). Segundo o governo estadual, essas avaliações são não-vinculantes, ou seja, não representam uma decisão definitiva sobre privatização ou federalização.

Relatórios recentes, como o divulgado pelo Itaú BBA, indicam que o governo de Minas reforçou sua intenção de privatizar a Copasa e federalizar a Cemig. O processo, porém, seria realizado em etapas: primeiro a Cemig seria transformada em sociedade por ações, e em seguida poderia ocorrer a federalização completa.

Desafios financeiros da federalização

A federalização da Cemig envolve questões financeiras complexas. O vice-governador de Minas Gerais explicou que a operação exigiria aporte de capital da União, devido aos direitos de tag along de acionistas minoritários e à necessidade de antecipar vencimentos de dívidas. Segundo o PROPAG, esses fatores poderiam reduzir o valor de mercado da empresa e impactar negativamente a meta estadual de redução da dívida pública.

Mesmo com esses desafios, o governo acredita que a transformação em sociedade por ações é um passo importante para aumentar a transparência e possibilitar uma eventual federalização, preservando o interesse público e a sustentabilidade financeira da companhia.

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