O Brasil alcançou um marco histórico em 2024, com o rendimento médio domiciliar per capita subindo para R$ 2.020, o maior valor desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo IBGE. Este aumento de 4,7% em relação ao ano anterior reflete um panorama de crescimento na renda das famílias brasileiras, impulsionado por uma série de fatores, incluindo a melhora no mercado de trabalho e a manutenção de programas sociais essenciais para a população de menor renda.

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Rendimento per capita e a redução da desigualdade

A queda na desigualdade de renda é um dos maiores destaques da pesquisa. O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, registrou seu menor valor histórico: 0,506. Em 2023, esse índice era de 0,518, o que significa uma significativa redução na concentração de riqueza no país. A pesquisa revelou que a redução foi generalizada, alcançando praticamente todas as regiões do Brasil, com exceção do Sul, onde houve um pequeno aumento na desigualdade.

Entre os grupos populacionais, a maior alta no rendimento foi observada na metade mais pobre da população, cuja renda média cresceu 8,52% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 713 mensais, também o maior valor da série histórica. Esse crescimento reflete uma melhoria na condição de vida de uma parte significativa da população, embora o valor ainda seja baixo, representando uma média de apenas R$ 23,77 por dia.

Por outro lado, a faixa dos 5% mais pobres viu um aumento considerável de 17,6%, alcançando R$ 154 mensais. Embora o valor per capita ainda seja muito baixo, de R$ 5,13 por dia, essa alta mostra que o Brasil está fazendo progressos na melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis.

Grupo mais rico da população

Enquanto a maioria da população experimentou aumentos em sua renda, o 1% mais rico do país teve um crescimento moderado de 0,9%, com um rendimento per capita de R$ 21.767. Esse pequeno aumento reflete uma estagnação na renda dos mais ricos, que, apesar de ainda detêrem uma fatia considerável da riqueza nacional, viram sua participação relativa diminuir em relação aos grupos mais pobres.

De acordo com o IBGE, a comparação entre 2023 e 2024 mostrou que a alta na renda ocorreu de forma mais acentuada no limite inferior da distribuição, o que contribuiu para a redução da desigualdade no país. Este fenômeno é um reflexo das políticas públicas de incentivo ao mercado de trabalho e programas sociais que, de acordo com especialistas, desempenharam um papel fundamental neste processo.

A importância dos programas sociais e do mercado de trabalho

O aumento na renda da população mais pobre pode ser atribuído a uma combinação de fatores, entre eles a manutenção de programas sociais e a recuperação do mercado de trabalho. Embora o Brasil ainda enfrente desigualdades profundas, a união dessas políticas tem se mostrado eficiente na redução da concentração de renda.

Os programas sociais, como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil, que se mantiveram ativos e em expansão durante o ano de 2024, foram essenciais para garantir uma base de sustentação à população de menor renda, enquanto a recuperação do mercado de trabalho formal, com aumento na geração de empregos, teve impacto positivo especialmente nas camadas mais baixas da sociedade

A desigualdade regional no Brasil

Em termos regionais, as diferenças na renda per capita continuam a ser uma característica marcante no Brasil. O Distrito Federal apresentou o maior rendimento per capita, com R$ 3.276, seguido por São Paulo, com R$ 2.588, e Santa Catarina, com R$ 2.544. Já as regiões Nordeste e Norte mostraram os valores mais baixos, com R$ 1.319 e R$ 1.231, respectivamente.

Essas disparidades regionais refletem o impacto da distribuição desigual da riqueza entre as diversas regiões do país, com o Sudeste concentrando quase metade da massa de rendimento do país, cerca de 49,6%. A participação da população do Sul e Nordeste na distribuição de renda também segue desigual, com o Sudeste detendo a maior fatia de R$ 217,4 bilhões, enquanto o Norte detinha apenas R$ 26,7 bilhões.