A Petrobras (PETR3;PETR4) está prestes a anunciar um possível reajuste no preço do diesel, o que tem gerado especulações no mercado sobre os impactos financeiros e de governança para a estatal. O ajuste é esperado em breve, mas ainda há dúvidas se ele será concretizado ou se a decisão será adiada devido à valorização do real. Este possível aumento nos preços pode influenciar diretamente o desempenho da empresa, com investidores atentos às suas implicações na rentabilidade do refino e nos dividendos futuros.

O reajuste do preço do diesel tem se tornado um assunto relevante no mercado, após a Folha de S. Paulo destacar que a Petrobras poderia anunciar a mudança nos próximos dias. Segundo fontes, a decisão sobre o aumento será discutida em uma reunião do Conselho da Petrobras. No entanto, as especulações indicam que, devido ao fortalecimento do real em relação ao dólar, o desconto para paridade pode diminuir, o que levanta a possibilidade de adiamento da medida.

A reunião do Conselho da Petrobras está marcada para a manhã de quarta-feira, 29 de janeiro, conforme informações do Valor Econômico. Apesar da expectativa de um anúncio iminente, o mercado ainda aguarda a definição final sobre o reajuste, uma vez que o comitê de preços de combustíveis, e não o Conselho, é o responsável pelas decisões de aumento dos preços.

O impacto desse possível reajuste será duplo: financeiro e de governança. Para o Santander, o aumento nos preços do diesel será positivo para a Petrobras. O banco acredita que isso não apenas ajudará a recuperar a lucratividade no segmento de refino, mas também fortalecerá a confiança dos investidores na empresa. A governança e a estratégia de preços da estatal seriam mais valorizadas caso o reajuste ocorra.

A análise do Santander sugere que o preço do diesel poderia ser ajustado em cerca de 4%, o suficiente para melhorar o crack spread da Petrobras. Isso é crucial, pois o crack spread (diferença entre o preço do petróleo bruto e o preço dos produtos refinados) é um indicador importante para a lucratividade da empresa. O banco também estima que isso ajudaria a estreitar o desconto atual para a paridade de importação do diesel, que caiu de 20% para 13% em uma semana, aproximando-se de níveis mais próximos da média histórica.

O mercado de combustíveis tem grande importância para a Petrobras, especialmente no contexto de sua estratégia de governança e transparência. A falta de reajustes adequados pode prejudicar a rentabilidade da empresa no setor de refino, especialmente considerando a atual queda no crack spread. O preço do diesel, portanto, tem um papel vital na saúde financeira da companhia e no posicionamento da estatal diante dos investidores.

Além disso, o aumento nos preços poderia melhorar a percepção de governança da Petrobras, mostrando um alinhamento mais eficaz entre a política de preços da empresa e a dinâmica do mercado. O Santander observa que um reajuste ajudaria a reforçar a imagem da Petrobras, que tem sido monitorada de perto por investidores devido às suas práticas comerciais e à estabilidade no pagamento de dividendos.

O desempenho da Petrobras no mercado de ações também será afetado por essa decisão. O Santander mantém sua recomendação de “outperform” para as ações da Petrobras, acreditando que o aumento nos preços dos combustíveis terá um impacto positivo no valor das ações da estatal. A expectativa é que a ação da Petrobras ganhe força antes dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), uma vez que a decisão de reajustar os preços reflete uma abordagem mais robusta e de maior confiança no mercado.

O banco também projeta um dividend yield (dividendo sobre o preço) de 13% para 2025, caso o preço do Brent se mantenha em US$ 70/bbl. Caso o preço do petróleo suba para US$ 75-80/bbl, o rendimento poderia aumentar para 15-17%. Essa previsão coloca a Petrobras como uma das principais escolhas no mercado latino-americano, principalmente devido à sua resiliência e capacidade de gerar fluxo de caixa livre (FCF).

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.