O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, trouxe à tona uma reflexão crítica sobre a recente candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo, afirmando que a decisão do partido de apoiá-lo foi um erro estratégico. Segundo Quaquá, a derrota de Boulos nas eleições municipais, realizadas no último dia 27, era algo que já podia ser previsto. Em suas declarações, ele sublinhou a necessidade de o PT repensar suas escolhas e estratégias eleitorais para não repetir erros que podem levar a mais derrotas.

Quaquá não poupou críticas à candidatura de Boulos, considerando-a “a crônica de uma morte anunciada”. Ele destacou que a escolha de um candidato com um perfil tão alinhado à esquerda não era adequada para a complexidade política de São Paulo. Para o vice-presidente do PT, havia alternativas mais viáveis, como Márcio França, Tabata Amaral ou Ana Estela Haddad, que poderiam ter melhorado as chances do partido ao estabelecer um diálogo mais amplo com eleitores moderados e de centro.

A visão de Quaquá é de que a candidatura de Boulos apresentava um teto limitante, restringindo sua capacidade de conquistar votos em uma cidade com um eleitorado diversificado. Essa avaliação revela uma preocupação com a estratégia política do PT em um momento em que o partido precisa reconquistar espaço entre os eleitores que não se identificam estritamente com a esquerda.

Na eleição municipal, Boulos recebeu 2.323.901 votos, o que representa 40,65% dos votos válidos, mas não foi suficiente para superar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que conquistou 3.393.110 votos (59,35%). A derrota de Boulos foi um golpe para o PSOL, que esperava uma performance melhor em uma cidade tão importante como São Paulo.

A análise de Quaquá sobre o desempenho de Boulos vai além dos números; ele argumenta que a falta de diálogo com os eleitores mais ao centro e de direita foi um fator decisivo para a derrota. A mensagem do vice-presidente é clara: é fundamental que o PT aprenda com essas experiências para não repetir o mesmo erro em futuras disputas eleitorais.

Quaquá fez uma analogia com a vitória de Evandro Leitão em Fortaleza, que se tornou a única capital brasileira governada pelo PT após a eleição. Em contraste com a estratégia de Boulos, Leitão conseguiu estabelecer uma campanha “para além da esquerda”, conseguindo atrair uma base de apoio mais ampla. Ele venceu o deputado federal André Fernandes (PL) por uma margem estreita de menos de 11 mil votos, demonstrando que uma abordagem mais inclusiva pode gerar resultados positivos.

Esse sucesso em Fortaleza contrasta com a realidade enfrentada por Boulos em São Paulo, mostrando que o PT pode, sim, ter uma presença significativa nas capitais, mas isso depende da estratégia e da escolha de candidatos que consigam dialogar com um espectro político mais amplo.