O que esperar do primeiro encontro entre Lula e Trump na ONU de 2025
A Assembleia Geral da ONU de 2025 será o primeiro grande palco para o encontro entre Lula e Trump como presidentes, em meio à crise comercial entre Brasil e EUA.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A Assembleia Geral da ONU de 2025 será palco para o primeiro encontro entre Lula e Trump na ONU, marcado pela tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos. Apesar de não haver reunião bilateral confirmada, a presença dos dois presidentes em Nova York nos próximos dias atrai atenção internacional, já que a crise comercial entre os países ganhou destaque nos últimos meses.
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Primeiro encontro entre Lula e Trump na ONU: contexto e expectativa
O primeiro encontro entre Lula e Trump na ONU acontece em um momento delicado para as relações bilaterais. A crise teve início em julho, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, classificou como “caça às bruxas” as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Poucos dias depois, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que aumentou o atrito entre Brasília e Washington.
Em reação, o governo Lula aplicou a Lei de Reciprocidade, estabelecendo mecanismos de retaliação às sanções americanas. As tarifas norte-americanas entraram em vigor em 1º de agosto, reforçando a necessidade de atenção diplomática durante a Assembleia Geral, que começa nesta semana.
Fontes próximas à delegação brasileira afirmam que, embora haja uma antessala para presidentes antes e depois dos discursos, não há garantia de que Lula e Trump se cruzem pessoalmente, tornando o encontro mais simbólico do que substancial.
Posição de Lula diante do possível encontro
Em entrevista à BBC News Brasil, Lula afirmou não ter problema pessoal com o presidente Trump e garantiu que cumprimentaria o líder americano caso se cruzem nos corredores das Nações Unidas. O presidente destacou que sua prioridade é negociar conflitos de forma civilizada, seja na esfera econômica ou comercial, mas reforçou que a soberania nacional não é negociável.
Em artigo publicado no jornal The New York Times, Lula criticou as tarifas impostas pelos EUA, classificando-as como “equivocadas e ilógicas” e ressaltou que o Brasil não é responsável pelo déficit comercial americano, acumulando superávit de mais de US$ 400 bilhões nos últimos 15 anos. O presidente também defendeu o STF, destacando que o julgamento de Bolsonaro respeitou a Constituição de 1988 e protegeu as instituições democráticas do país.
Diálogo improvável, segundo especialistas
Especialistas em relações internacionais avaliam que um diálogo formal entre Lula e Trump na ONU é pouco provável. Paulo Velasco, professor da Uerj, destaca que as posições firmes de Brasília e Washington tornam improvável qualquer esforço real de negociação. Para ele, Lula não se colocará em situações constrangedoras, aprendendo com experiências internacionais, como encontros tensos envolvendo líderes estrangeiros.
Matias Spektor, professor da FGV-SP, complementa que qualquer contato será meramente formal, como um cumprimento rápido ou sinais sutis de cordialidade. Segundo ele, não haverá tempo nem equipes preparadas para negociações concretas, e o foco principal será a mensagem política transmitida pelos discursos na Assembleia.
Discurso e estratégias políticas na Assembleia Geral da ONU
O púlpito da ONU é tradicionalmente usado para discursos voltados ao público doméstico e não para negociações diretas. Espera-se que Lula foque em temas como soberania, livre comércio e instituições internacionais, criticando as tarifas impostas pelos EUA. Já Trump deve direcionar seu discurso para a base eleitoral americana, destacando o radicalismo da esquerda e reforçando sua narrativa política.
Mais do que um encontro, o primeiro encontro entre Lula e Trump na ONU será avaliado pela forma como os líderes se comportam, observando-se gestos, linguagem corporal e sinais políticos, que podem indicar se há disposição para frear a escalada de atritos.
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