Em um evento internacional realizado no Marrocos nesta terça-feira (10), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou para os riscos econômicos enfrentados por países em meio a um cenário global de crescente incerteza, tensões geopolíticas e taxas de juros elevadas para conter a inflação. Campos Neto enfatizou a importância de os governos prestarem mais atenção às suas finanças públicas como medida preventiva contra futuras turbulências econômicas.

Durante sua palestra, o presidente do Banco Central destacou que, embora haja coordenação na política monetária, com foco nas taxas de juros para conter a inflação, a coordenação na política fiscal é insuficiente. Ele ressaltou que o aumento do endividamento global, impulsionado pela crise da Covid-19, juntamente com o aumento das taxas de juros em todo o mundo, está começando a afetar as economias mais desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos.

Campos Neto alertou que, se as ações adequadas não forem tomadas para garantir a estabilidade econômica de longo prazo, os mercados financeiros podem enfrentar perturbações significativas antes que o processo de desinflação seja alcançado.

O presidente do Banco Central esclareceu que sua análise não estava centrada no Brasil, que, em sua visão, está apresentando um desempenho melhor do que muitas outras nações. Ele destacou o aumento das perspectivas de crescimento do país e a aprovação de um novo arcabouço fiscal para as finanças públicas como fatores positivos.

Campos Neto também observou que o ambiente de taxas de juros globais mais altas pode criar desafios para o setor privado, que pode enfrentar dificuldades para honrar seus compromissos de dívida, especialmente devido à potencial redução da liquidez. Ele levantou preocupações em relação à dívida privada, questionando o impacto de taxas de juros mais altas por um período prolongado em alguns países.

A mensagem do presidente do Banco Central é clara: em um mundo marcado por incertezas e pressões econômicas, a responsabilidade fiscal deve ser uma prioridade para evitar crises futuras nos mercados financeiros globais.