O Índice de Preços ao Produtor (IPP) no Brasil registrou um aumento de 9,42% em 2024, refletindo a pressão dos alimentos, como as carnes e o café. O cenário econômico foi impulsionado por fatores como a valorização do dólar e a forte demanda por produtos essenciais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou esses números nesta terça-feira (04), destacando um avanço significativo nos preços ao produtor.

Alta nos preços ao produtor

O aumento no IPP foi expressivo, com a alta de 1,48% em dezembro, uma aceleração em relação aos 1,25% registrados no mês anterior. Em 2023, o IPP havia mostrado uma queda de 4,99%, o que torna o aumento deste ano ainda mais notável. O principal responsável por essa variação foi o setor de alimentos, que impactou diretamente os preços dos produtos no Brasil. A alta acumulada foi de 9,42%, com destaque para as carnes bovinas e de aves, cujos preços subiram consideravelmente no ano.

O analista do IBGE, Murilo Alvim, explicou que, além do aumento nas carnes, outros fatores como a alta do dólar, que valorizou 27,36% no ano, também influenciaram diversos setores. O câmbio, sob a ótica do produtor, tem um impacto considerável sobre a indústria, afetando áreas como alimentos, metalurgia, químicos, e outros segmentos industriais.

Carne

O aumento nos preços das carnes foi o principal responsável pelo resultado do IPP em 2024. O grupo de abate e fabricação de produtos de carne registrou uma alta de 2,84% em dezembro, impulsionado pela forte demanda interna e externa, além do impacto da valorização do dólar. Esse setor foi um dos que mais pesaram no índice, refletindo a pressão dos consumidores no bolso.

A demanda por carnes, especialmente as bovinas e de aves, seguiu em alta, beneficiada pelo crescimento das exportações. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, e a valorização do dólar favoreceu esse movimento. O aumento das exportações também pode ser relacionado ao crescimento da economia global, que demandou mais carne brasileira.

Café

Outro fator de destaque no aumento dos preços ao produtor foi o café. O preço do café disparou 69,28% em 2024, devido a uma combinação de fatores, como o declínio na oferta global e questões climáticas que afetaram a produção em várias partes do mundo. O Brasil, um dos maiores produtores de café, viu os preços da commodity subir, o que impactou diretamente os custos para os produtores.

O impacto da escassez de café foi sentido não apenas no mercado interno, mas também nas exportações, com a alta sendo refletida nos preços que chegaram aos consumidores. A volatilidade do mercado internacional e o aumento da demanda também ajudaram a impulsionar o aumento expressivo.

O papel do dólar e seus efeitos na indústria

O dólar foi outro fator crucial no aumento dos preços ao produtor. Em dezembro de 2024, o câmbio registrou uma valorização de 2,96% em relação ao real. Essa alta foi uma das maiores desde 2020 e teve reflexos diretos sobre os custos da indústria brasileira. Os preços dos produtos importados, como insumos para a fabricação de bens industriais, foram impactados pela oscilação cambial, elevando os custos de produção.

A valorização do dólar também afetou a competitividade das exportações brasileiras, especialmente no setor de carnes, produtos químicos e metalurgia. Com a moeda americana mais forte, os produtos brasileiros se tornaram mais baratos no mercado internacional, estimulando a demanda externa, mas também gerando pressões inflacionárias internas.

Setores que mais impactaram o IPP em 2024

O setor de alimentos foi o principal responsável pela alta no IPP, com um aumento de 1,90% apenas em dezembro e 14,08% no acumulado do ano. Além das carnes e do café, outros produtos alimentícios também apresentaram variações significativas. Entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo avançaram 11,24%, enquanto os bens intermediários e de capital tiveram aumentos de 8,49% e 7,52%, respectivamente.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.