Consumo de café no Brasil cai quase 16% em abril com alta histórica de 80% no preço
O preço do café no Brasil teve alta de 80% nos últimos 12 meses, a maior dos últimos 30 anos, enquanto o consumo caiu quase 16% em abril de 2025.

O preço do café no Brasil disparou 80% nos últimos 12 meses, alcançando a maior alta em três décadas, enquanto o consumo da bebida no país caiu quase 16% em abril de 2025. A combinação de problemas climáticos, custos logísticos elevados e crescimento das exportações brasileiras tem pressionado a oferta interna, afetando diretamente as vendas e o bolso do consumidor.
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Consumo de café no Brasil recua em meio à alta do preço
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo doméstico via varejo recuou 15,9% em abril deste ano na comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, entre janeiro e abril, a queda nas vendas chegou a 5,13%, totalizando 4,7 milhões de sacas de 60 quilos comercializadas no varejo — que responde por cerca de 73% a 78% da demanda interna por café.
Essa retração no consumo ocorre em um cenário de forte alta do preço do café, que aumentou 80% em um ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os diferentes tipos de café disponíveis no mercado, o solúvel foi o que mais encareceu, com uma alta de 85%, seguido pelo café gourmet (56%), tradicional ou extraforte (50%), e ainda os cafés especiais e superiores, que subiram 42,3% e 29%, respectivamente.
Por que o preço do café disparou? Fatores que pressionam a oferta
A escalada do preço do café está ligada a diversos fatores, especialmente os impactos climáticos. Ondas de calor e secas severas nos últimos quatro anos afetaram significativamente a produção nacional, causando abortamento dos frutos e comprometendo a safra seguinte. Essa crise hídrica tem aumentado os custos de produção para os produtores brasileiros.
Além do cenário doméstico, a oferta global também enfrentou problemas. Grandes produtores internacionais, como o Vietnã, sofreram quebras de safra, reduzindo a oferta mundial da commodity. Outro fator crucial para o aumento do preço do café foram as guerras no Oriente Médio, que elevaram o custo da logística internacional, impactando o valor dos fretes e contêineres usados na exportação.
Por fim, o crescimento das exportações brasileiras, que vêm conquistando novos mercados internacionais, reduziu ainda mais a disponibilidade do café no mercado interno. Isso pressiona os preços e limita o acesso dos consumidores brasileiros à bebida.
Impactos no mercado interno e expectativa para os próximos meses
O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás apenas da água, o que torna o impacto da alta de preços ainda mais relevante para a população. Apesar do forte aumento nos custos de produção — que subiram 224% entre 2020 e 2024 — o preço repassado ao consumidor aumentou “apenas” 110% no mesmo período, segundo a Abic. Isso indica que a indústria ainda não havia transferido integralmente todos os custos da matéria-prima para as prateleiras.
A expectativa é que os reajustes continuem nos próximos meses, conforme os custos mais elevados forem chegando ao consumidor final. Isso pode gerar ainda mais retração no consumo doméstico, além de pressionar a inflação do setor.