Café arábica cai 8% com liquidação de fundos; açúcar também recua
O café arábica registrou queda de 8,2% nesta quarta-feira (17), após atingir uma máxima de quase sete meses, impulsionado pela liquidação de fundos comprados e resistência técnica em US$ 4,20.

O café arábica registrou uma forte queda nos preços nesta quarta-feira (17), recuando 8,2% na bolsa ICE após atingir uma máxima de quase sete meses na sessão anterior. O movimento foi impulsionado principalmente pela liquidação de fundos comprados, que intensificou a pressão de venda, e também por fatores técnicos do mercado. Além do café, o mercado de açúcar também apresentou redução nos valores, refletindo ajustes na produção e expectativas de oferta.
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Queda acentuada do café arábica
O café arábica caiu 33,7 centavos, atingindo US$ 3,7565 por libra-peso, em comparação com a máxima recente de US$ 4,24 registrada na terça-feira. Segundo analistas, a perda é uma das mais significativas dos últimos meses.
Um corretor sediado nos Estados Unidos afirmou:
“Acho que nunca vi uma queda de mais de 30 centavos em uma sessão. O comércio de alta frequência provavelmente exacerbou a baixa.”
Ryan Delany, analista da Coffee Trading Academy (CTA), explicou que o mercado tentou romper a resistência em US$ 4,20, mas não conseguiu, o que desencadeou a liquidação em larga escala:
“Essa resistência foi testada e mantida, levando a um recuo de 30 centavos nas duas últimas sessões.”
O fenômeno ilustra como fatores técnicos, combinados com movimentos de investidores institucionais, podem gerar volatilidade significativa no mercado de commodities.
Contexto da valorização anterior e fatores de mercado
Nos últimos meses, o café arábica vinha registrando valorização devido a uma oferta restrita nos Estados Unidos. Além disso, a imposição de uma tarifa de 50% sobre embarques do Brasil impulsionou os preços, tornando os contratos mais atrativos para fundos e investidores.
No entanto, a alta recente foi parcialmente revertida após a ICE aumentar as exigências de margem para contratos de café arábica. Esse ajuste levou muitos fundos a liquidarem suas posições compradas, contribuindo para a queda abrupta do preço.
Este movimento evidencia a importância de monitorar políticas tarifárias e regras de margem para quem atua no mercado de café e outras commodities.
Açúcar também recua em meio a ajustes de produção
Enquanto o café arábica registrava queda expressiva, o açúcar branco caiu 1,4%, cotado a US$ 459,10 por tonelada. A produção no centro-sul do Brasil, principal região produtora, atingiu 3,872 milhões de toneladas métricas na segunda quinzena de agosto, valor em linha com as expectativas de analistas, que estimavam 3,8 milhões de toneladas.
Analistas do setor comentam que a redução nos preços do açúcar pode incentivar algumas usinas brasileiras a alterar o mix de produção, priorizando a fabricação de etanol em detrimento da produção de açúcar, especialmente quando o mercado sinaliza baixa rentabilidade para o commodity.
Impacto futuro e perspectivas para o mercado
O recuo do café arábica e a leve queda do açúcar refletem a sensibilidade do mercado a fundos especulativos, políticas comerciais e condições de oferta. Especialistas destacam que, se a volatilidade persistir, investidores e produtores precisam estar atentos para gerenciar riscos e ajustar estratégias de produção.
No curto prazo, a resistência técnica em torno de US$ 4,20 deve continuar sendo um ponto de atenção para o café arábica, enquanto a decisão das usinas sobre o mix de produção pode influenciar os preços futuros do açúcar.
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