O Índice de preços ao produtor (IPP) no Brasil registrou uma queda de 1,25% em junho, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa retração marca o quinto mês consecutivo de redução dos preços na “porta da fábrica” e reflete importantes mudanças no cenário econômico, como a valorização do real frente ao dólar e a queda das commodities no mercado internacional.

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Queda do índice de preços ao produtor em junho reforça tendência de desaceleração

Segundo o IBGE, o recuo de 1,25% no IPP de junho sucede a retração de 1,21% observada em maio. O índice acumulado em 12 meses permanece positivo, com alta de 3,24%. Essa sequência de resultados negativos nas variações mensais evidencia uma desaceleração dos custos de produção no país, impactando diretamente setores industriais e a formação dos preços ao consumidor.

Murilo Alvim, gerente do IPP no IBGE, destaca que a queda na taxa do dólar tem um papel importante nesse movimento. “A desvalorização do dólar frente ao real reduz o custo de insumos importados e, por consequência, influencia os preços praticados pelas indústrias brasileiras”, explica. Além disso, ele ressalta que a queda nas cotações internacionais de commodities, como petróleo e minério de ferro, também contribui para essa tendência, pois muitos setores industriais acompanham esses preços em suas cadeias produtivas.

Atividades industriais com maior influência na queda do IPP

Das 24 atividades industriais monitoradas pelo IBGE, 13 apresentaram variações negativas de preços em junho. Entre os setores que mais contribuíram para a queda geral do índice, destacam-se o segmento de alimentos, que recuou 3,43%, e o setor de refino de petróleo e biocombustíveis, com retração de 2,53%. O setor de produtos de metal também registrou queda de 1,85%. Em contraste, o setor farmacêutico teve um aumento de preços de 2,23%.

No setor de alimentos, a principal queda foi registrada no grupo de abate e fabricação de produtos de carne, com recuo de 4,34%. Essa redução é explicada principalmente pelos menores preços das carnes de aves, que sofrem com um excesso de oferta no mercado interno causado por restrições externas vinculadas à gripe aviária. Esse impacto foi responsável por -0,88 ponto percentual na taxa geral do índice, mostrando sua importância para o comportamento do IPP.

Influência do petróleo e biocombustíveis na formação dos preços ao produtor

No segmento de refino de petróleo e biocombustíveis, a queda de 2,53% está diretamente ligada à redução dos custos de fabricação, causada pela desvalorização dos preços internacionais do petróleo. Murilo Alvim detalha que, apesar da alta pontual observada em junho, decorrente de conflitos em países produtores e na região do Estreito de Ormuz, importante rota de transporte da commodity, o preço do petróleo acumula retrações tanto no ano quanto nos últimos 12 meses.

Essa diminuição no custo da principal matéria-prima usada no setor contribui para a redução do IPP, beneficiando a indústria nacional e podendo, em um efeito cascata, ajudar a conter a inflação ao consumidor final.

O que mede o Índice de preços ao produtor?

O Índice de preços ao produtor é um indicador econômico que mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, antes da inclusão de impostos e fretes. Ele abrange 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação, refletindo os custos enfrentados pelos produtores brasileiros e indicando tendências de inflação ou deflação na cadeia produtiva.

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