O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta segunda-feira (30), no Palácio do Planalto, o Plano Safra da agricultura familiar referente ao ciclo 2025-2026. A iniciativa destinará R$ 78,2 bilhões em crédito para pequenos produtores rurais, com taxas de juros reduzidas e foco na produção de alimentos básicos e sustentáveis.

O programa faz parte da política anual do governo federal para fomentar o setor agropecuário e garantir segurança alimentar. Além da versão voltada à agricultura familiar, uma segunda etapa será apresentada na terça-feira (1º), com medidas específicas para médios e grandes produtores.

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R$ 89 bilhões mobilizados para fortalecer a produção de alimentos

Com o anúncio feito nesta segunda, o governo projeta uma movimentação total de R$ 89 bilhões, considerando não apenas o financiamento via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), mas também recursos para compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica e políticas de preços mínimos.

Desse total, R$ 3,7 bilhões serão destinados à aquisição de produtos da agricultura familiar por órgãos públicos, e R$ 1,1 bilhão será reservado para a garantia de safra, medida que protege os produtores em caso de perdas por eventos climáticos adversos.

Essa ação se soma a outras políticas de fortalecimento do campo, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ampliado nos últimos anos para integrar agricultores familiares a redes de abastecimento público.

Incentivo à produção da cesta básica e práticas sustentáveis

Um dos eixos centrais do novo Plano Safra da agricultura familiar é o estímulo à produção de alimentos que compõem a cesta básica, como arroz, feijão, mandioca, ovos, frutas, leite e hortaliças. Para essa finalidade, o governo manteve a taxa de juros anual em 3% para cultivos convencionais.

No entanto, a taxa cai para 2% ao ano para os agricultores que optarem por métodos de cultivo orgânicos ou agroecológicos. A medida visa incentivar práticas mais sustentáveis no campo e promover alimentos livres de agrotóxicos.

Durante o evento de lançamento, o presidente Lula assinou um decreto que institui o Pronara (Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos). O programa visa acelerar a transição ecológica da produção agrícola e reduzir a dependência de insumos químicos nocivos ao meio ambiente e à saúde.

Mais crédito para compra de máquinas e infraestrutura rural

O Plano Safra da agricultura familiar também trouxe boas notícias para quem busca investir em modernização e mecanização. O limite de financiamento para compra de máquinas e equipamentos menores dobrou, passando de R$ 50 mil para R$ 100 mil, com juros de 2,5% ao ano.

Já os financiamentos para equipamentos maiores chegam a R$ 250 mil, com taxa de 5% ao ano. A ampliação desses limites é uma resposta às demandas de pequenos produtores por tecnologia acessível que aumente a produtividade e reduza o esforço manual.

Além disso, o plano oferece linhas de crédito para infraestrutura sustentável no campo, incluindo irrigação inteligente, conectividade rural, adaptação às mudanças climáticas e projetos de agroecologia. Os chamados “quintais produtivos” — hortas e sistemas produtivos em pequenas propriedades — também terão acesso facilitado a financiamento.

Governo amplia apoio e reafirma compromisso com soberania alimentar

Na comparação com o ciclo anterior, o valor total destinado ao Pronaf aumentou cerca de 3%, subindo de R$ 76 bilhões para R$ 78,2 bilhões. Embora o reajuste esteja dentro da inflação acumulada, ele sinaliza a intenção do governo de manter e ampliar o apoio à agricultura familiar.

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o plano reafirma o compromisso do governo com a soberania alimentar do país. “Queremos acelerar essa transição para uma agricultura sustentável e de qualidade, que reduza o uso de venenos e proteja a saúde dos brasileiros”, afirmou o ministro durante o lançamento.