Plano golpista para impedir posse de Lula e Alckmin foi impresso no Palácio do Planalto, revela PF
A Polícia Federal revelou que um plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foi impresso no Palácio do Planalto em novembro de 2022.

A Polícia Federal (PF) revelou recentemente detalhes de uma investigação sobre um plano golpista elaborado por militares para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, eleitos em outubro de 2022. O planejamento, com características de um atentado terrorista, foi impresso nas dependências do Palácio do Planalto e levava em conta ações extremas, incluindo o sequestro ou homicídio de figuras chave do governo eleito. A operação, denominada Operação Contragolpe, resultou na prisão de cinco militares envolvidos.
O plano golpista: ação violenta com alto potencial de risco
O plano, intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, foi elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes, que, durante o governo de Jair Bolsonaro, atuava como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. De acordo com a PF, o planejamento tinha como objetivo a neutralização do presidente eleito, do vice-presidente e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento encontrado pela PF detalha com precisão uma série de ações violentas, que incluíam o uso de explosivos, armamento pesado e até envenenamento. Além disso, o plano previu a possibilidade de mortes, tanto dos alvos quanto dos próprios militares envolvidos. O documento revela um planejamento meticuloso e de alta periculosidade, com características de uma operação terrorista, buscando atingir figuras importantes do novo governo para alterar os resultados da eleição de 2022.
Impressão no Palácio do Planalto e envio ao Palácio da Alvorada
A Polícia Federal apurou que o plano foi impresso no próprio Palácio do Planalto, em 9 de novembro de 2022, pelo general Mário Fernandes. Após ser impresso, o documento foi levado até o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente Jair Bolsonaro na época. Embora o ex-presidente não tenha sido citado diretamente como envolvido no plano golpista, a investigação levanta questões sobre o grau de participação de figuras próximas ao ex-presidente no planejamento da ação.
De acordo com a PF, a descoberta deste plano coloca em evidência a gravidade da situação e o risco de ações violentas contra o governo eleito. A investigação foi um marco na Operação Contragolpe, que busca desmantelar organizações militares que tentavam desestabilizar o processo democrático no Brasil.
Reações e consequências: Flávio Bolsonaro minimiza ação
A reação de membros da família Bolsonaro a esse caso tem sido alvo de atenção. O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, minimizou as revelações da investigação. Em suas redes sociais, Flávio afirmou que “pensar em matar alguém não é crime”, argumentando que o planejamento não constitui uma tentativa de homicídio sem a execução do ato. Ele criticou ainda a investigação, afirmando que, atualmente, o ato preparatório para um crime de lesão ou morte de mais de três pessoas não é criminalizado no Brasil, e que sua proposta de lei, que visa criminalizar tais ações, é uma forma de resolver essa lacuna legal.
Embora o senador tenha se manifestado nas redes sociais, até o momento, o ex-presidente Jair Bolsonaro não fez declarações sobre a operação ou as acusações relacionadas ao planejamento golpista. A defesa de Mário Fernandes também não se pronunciou publicamente sobre o caso, e o espaço continua aberto para manifestação legal.
A investigação: o que foi descoberto e como ela avança
A Operação Contragolpe teve início com a apuração das ações de um grupo de militares que planejava impedir a posse do presidente eleito e seus aliados, utilizando meios violentos. A PF já havia identificado anteriormente atividades suspeitas envolvendo militares, mas a descoberta do documento com planejamento detalhado revelou a gravidade da situação.
Além das prisões, a investigação levantou a questão de como esse grupo conseguiu elaborar e até imprimir o planejamento no Palácio do Planalto. O relatório de inteligência da PF descreve o documento como um dos mais perigosos encontrados recentemente, com todos os detalhes necessários para a execução de uma operação de alto risco, como o uso de armamento pesado e a descrição de potenciais vítimas. O fato de o plano ser impresso no Palácio do Planalto e transferido para o Palácio da Alvorada também levanta dúvidas sobre a segurança interna durante o governo de Jair Bolsonaro.