A Olympus Corp., uma das maiores fabricantes de equipamentos médicos do Japão, foi surpreendida na última segunda-feira (28) com o pedido de renúncia do CEO Stefan Kaufmann, após acusações de compra de drogas ilegais. O anúncio impactou imediatamente o valor de mercado da empresa, resultando em uma queda de mais de 7% no valor das ações, a maior baixa intradia em quase três meses. A saída de Kaufmann, que estava à frente da Olympus há menos de dois anos, ocorre em meio a uma investigação policial que pode comprometer a imagem da companhia e trazer desafios de gestão. O caso levanta questionamentos sobre o histórico da empresa com líderes estrangeiros e os impactos de alegações criminais na reputação de uma companhia globalmente respeitada.

A Olympus, conhecida mundialmente por seus avanços em tecnologia de endoscopia e outros equipamentos médicos, experimentou uma queda substancial no valor de suas ações na Bolsa de Tóquio após a confirmação de que Kaufmann deixaria a liderança da empresa. A notícia do envolvimento do CEO com compra de drogas ilegais gerou inquietação nos investidores e nos acionistas da Olympus, que enfrentam a incerteza sobre a capacidade de a empresa gerenciar essa crise de reputação. Em resposta à renúncia, o Conselho de Administração designou o presidente do conselho, Yasuo Takeuchi, como CEO interino até que uma substituição definitiva seja feita. Takeuchi, conhecido pelo seu papel na iniciativa Transform Olympus, será um dos nomes considerados pela diretoria para o cargo, conforme destacaram analistas do Citigroup.

Stefan Kaufmann, de 56 anos, foi um dos poucos executivos estrangeiros a liderar uma companhia japonesa de destaque. No entanto, o pedido de renúncia veio em decorrência de uma investigação policial em curso, que teria como foco a compra de substâncias ilegais por parte do CEO. A Olympus se absteve de comentar detalhes adicionais sobre a situação, citando a continuidade das investigações. A Kyodo News, uma das principais agências de notícias do Japão, informou que autoridades japonesas já estão envolvidas no caso e conduzem uma investigação independente.

O envolvimento de Kaufmann com drogas ilegais coloca a Olympus em uma situação delicada. A companhia, que construiu sua reputação em torno de valores como precisão e confiança, especialmente no setor médico, enfrenta agora o risco de um dano reputacional significativo. Especialistas em governança corporativa alertam que o envolvimento de líderes em casos criminais pode comprometer a confiança de investidores e parceiros comerciais, prejudicando até mesmo a expansão internacional da empresa.

O caso Kaufmann é o mais recente exemplo de executivos estrangeiros enfrentando dificuldades com a rigorosa legislação japonesa sobre uso e importação de substâncias. O Japão possui uma política severa e rigorosa sobre drogas ilegais, sendo raro que autoridades ou empresas fechem os olhos para tais acusações. Em 2015, a Toyota também enfrentou uma situação parecida, quando Julie Hamp, conselheira de mídia da companhia, foi detida por importar medicamentos para dor sem autorização. Hamp acabou sendo liberada após a polícia não apresentar acusações formais contra ela, mas renunciou ao cargo na época.

Além do episódio com Kaufmann, a Olympus já havia passado por um cenário de tensão com um CEO estrangeiro no passado. Em 2011, a empresa demitiu Michael Woodford, executivo britânico, poucos meses após assumir o comando. Woodford afirmou, posteriormente, que foi demitido devido à sua insistência em investigar irregularidades contábeis dentro da companhia. O caso Woodford abalou a Olympus, levando a uma série de reformulações e a um foco mais intenso em ética corporativa e conformidade com as normas locais e internacionais.

Os analistas consideram que, apesar do impacto imediato, a Olympus tem as ferramentas para contornar o problema e estabilizar seu desempenho no mercado. A empresa, que recentemente ajustou sua previsão de lucro operacional para o ano, busca agora não apenas um novo CEO, mas também uma estratégia para evitar a perda de confiança entre investidores e stakeholders. O Citigroup avaliou que a resposta rápida da Olympus ao caso Kaufmann, incluindo a substituição imediata pelo presidente do conselho, foi adequada e sugere que a repercussão poderá ser contida caso a empresa comunique de maneira eficaz suas próximas decisões e medidas de governança.

Takeuchi, que agora assume interinamente o cargo de CEO, é visto como uma escolha confiável para estabilizar a situação e manter a empresa focada em seu plano de crescimento e transformação. O executivo foi peça-chave na iniciativa Transform Olympus, que busca ampliar a atuação da companhia no setor médico e desenvolver novos produtos para impulsionar o crescimento. O Comitê de Nomeação da Olympus se reunirá nas próximas semanas para discutir a sucessão definitiva e as estratégias de continuidade para os próximos anos.