Novo CEO do Julius Baer enfrenta resistência interna para reformar banco suíço
Stefan Bollinger, novo CEO do Julius Baer, enfrenta resistência interna significativa enquanto tenta reformar o tradicional banco suíço, marcado por escândalos e desafios regulatórios.
Novo CEO do Julius Baer enfrenta resistência interna para reformar banco suíço
O novo CEO do Julius Baer enfrenta resistência interna significativa enquanto busca transformar o banco suíço, uma instituição centenária, no gestor de patrimônio mais admirado do mundo. Stefan Bollinger assumiu o comando em janeiro de 2025. Ele encontrou um ambiente corporativo marcado por uma cultura tradicional e escândalos passados, que dificultam suas iniciativas de reforma.
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Novo CEO do Julius Baer enfrenta resistência e desafios históricos
No seu primeiro dia à frente do Julius Baer, Stefan Bollinger imediatamente incentivou os colaboradores a se manifestarem livremente. Como resultado, ele recebeu mais de mil e-mails com sugestões e pedidos para discutir mudanças necessárias. Além disso, essa atitude marca a tentativa de Bollinger de implantar um estilo de gestão mais enérgico e focado em responsabilidade individual. Por outro lado, esse estilo contrasta com a cultura de consenso que dominava o banco há décadas.
O banco suíço, fundado há 135 anos em Zurique, enfrenta problemas decorrentes de escândalos envolvendo lavagem de dinheiro e má gestão de riscos. Além disso, uma investigação regulatória da autoridade suíça Finma está em andamento desde fevereiro de 2025. Essa investigação está focada na perda de US$ 700 milhões ligada ao colapso do império imobiliário do investidor Rene Benko. Consequentemente, essas questões históricas ainda pesam na reputação da instituição e complicam o trabalho de reformulação de Bollinger.
Mudanças na gestão e na cultura do Julius Baer ao estilo Goldman Sachs
Ex-executivo da Goldman Sachs, Stefan Bollinger aplicou mudanças estruturais importantes no Julius Baer, incluindo a substituição da maior parte da equipe de gestão e a criação de uma estrutura de co-liderança para cargos estratégicos. Essa abordagem visa evitar concentração de poder e estimular a responsabilidade entre os líderes.
No entanto, essas mudanças encontram resistência entre chefes regionais e outros executivos poderosos, que têm grande influência no banco e preferem manter práticas tradicionais. Uma tentativa de alterar o modelo de remuneração dos gerentes de relacionamento não avançou devido a essa oposição interna.
Apoio do presidente Noel Quinn e a importância da mudança cultural
O apoio do presidente do conselho, Noel Quinn, ex-CEO do HSBC, é fundamental para o sucesso da transformação. Quinn ingressou recentemente no banco e compartilha a visão de mudança da cultura organizacional. Ele reconhece que “há uma cultura que precisa mudar” para garantir o futuro do Julius Baer.
Sua experiência na gestão de stakeholders complexos é fundamental para o sucesso das reformas. Além disso, sua liderança em grandes instituições financeiras ajudará a superar barreiras internas e alinhar a equipe às novas diretrizes.
Impactos financeiros e reações do mercado
A investigação da Finma e os escândalos recentes provocaram uma queda de 13% nas ações do Julius Baer. Além disso, os planos de recompra de ações foram adiados, gerando descontentamento entre os investidores. Em maio de 2025, o banco revelou uma baixa não divulgada de 130 milhões de francos suíços (cerca de US$ 160 milhões) em empréstimos imobiliários, o que reacendeu temores relacionados aos escândalos do passado.
Apesar desses desafios, o índice preço/valor patrimonial do banco permanece superior ao do UBS, demonstrando que o mercado ainda aposta na capacidade de recuperação da instituição sob a nova liderança.
Legado de escândalos e o desafio de reconstrução
Desde 2015, o Julius Baer tem sido envolvido em vários escândalos de compliance, incluindo seu papel na lavagem de dinheiro da FIFA e na corrupção envolvendo a petroleira venezuelana PDVSA. A rápida expansão na América Latina liderada pelo ex-CEO Boris Collardi terminou em 2017, após seu afastamento, e o banco ainda lida com as consequências desses episódios.
A saída de Philipp Rickenbacher após o caso Benko e a liquidação da exposição ao investidor austríaco demonstram os esforços para limpar o balanço e mitigar riscos, mas a reputação manchada e os processos regulatórios permanecem como obstáculos para a gestão atual.