MRV planeja reduzir seu estoque de terrenos e vender R$ 1,4 bilhão até 2029

A MRV (MRVE3), uma das líderes do setor imobiliário brasileiro, estabeleceu uma meta ambiciosa de reduzir seu estoque de terrenos não lançados em até R$ 1,4 bilhão até 2029. A companhia, que tradicionalmente adquiriu grandes volumes de terrenos para futuros lançamentos, agora adota uma abordagem mais estratégica e focada na venda desses ativos, visando reequilibrar seu portfólio e garantir a liquidez necessária para o futuro.

O que está por trás da estratégia de venda de terrenos da MRV?

Ao longo de sua trajetória de 45 anos, a MRV construiu um dos maiores “landbanks” do setor, com R$ 2,6 bilhões em terrenos pagos e não lançados. No entanto, a empresa está começando a adotar uma nova estratégia: a venda desses terrenos para reduzir o estoque e melhorar a gestão de seus recursos. Ao final de 2024, esse número estava em R$ 2,387 bilhões, e a meta formal da MRV é reduzir esse valor para cerca de R$ 1 bilhão até o final de 2029.

Rafael Albuquerque, diretor de desenvolvimento imobiliário da companhia, explicou que a empresa não está mais focada em adquirir novos terrenos, mas sim em diminuir seu estoque atual. “O dinheiro da companhia não é mais para comprar terreno. Já fez demais, agora é o sentido contrário”, afirmou Albuquerque, destacando que a estratégia de venda será uma parte importante do planejamento nos próximos anos.

Como a MRV pretende alcançar sua meta de R$ 1 bilhão até 2029?

A principal estratégia para atingir essa meta de vendas inclui não apenas a realização de lançamentos de empreendimentos, mas também a venda direta de terrenos. Parte do estoque de terrenos será utilizada para realizar os lançamentos previstos pela empresa, com a meta de 40 mil unidades por ano nos próximos anos. Esses lançamentos, no entanto, não serão suficientes para alcançar a meta de redução do estoque de terrenos, o que significa que a MRV também precisará vender uma parte significativa de suas áreas.

“Terrenos que estão fora da faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, ou que são considerados mais complexos para lançamento, serão colocados à venda. A nossa intenção é liberar esses ativos para gerar receita e otimizar o uso de nosso capital”, disse Albuquerque.

Além disso, a MRV adotou um modelo de aquisição de terrenos que prioriza permutas. Em 2023, 87% dos terrenos adquiridos pela empresa foram por permuta, e a expectativa é que esse número chegue a 90% em 2024. Isso significa que a MRV está cada vez mais evitando a compra direta de terrenos e optando por negociações em que terrenos são trocados por unidades prontas ou outras condições favoráveis para a empresa.

Por que a MRV mudou sua estratégia de compra e venda de terrenos?

A mudança na estratégia da MRV é motivada por uma série de fatores, incluindo a necessidade de uma gestão mais eficiente do capital e a busca por uma maior flexibilidade financeira. Durante muitos anos, a empresa acumulou um grande estoque de terrenos, mas agora, com a ampliação de sua atuação e a criação de novos projetos, a prioridade passou a ser reduzir esses ativos e melhorar o retorno sobre o capital investido.

Além disso, a decisão de vender terrenos também está alinhada com a adaptação ao mercado atual, que exige maior agilidade e racionalização dos investimentos. “Não é algo que estamos acostumados a fazer. Ao longo de 45 anos, a MRV sempre comprou muito terreno, mas nunca foi nossa cultura vender. Agora, a mudança é necessária para garantir a sustentabilidade financeira e o crescimento da companhia”, explicou Albuquerque.

Impactos no setor imobiliário e no mercado de terrenos

Essa nova abordagem da MRV pode ter um impacto significativo no setor imobiliário, especialmente no mercado de terrenos. Com a venda de áreas fora do foco de lançamentos imediatos, a empresa estará contribuindo para um movimento de readequação do mercado, o que pode gerar uma maior rotatividade de ativos e oferecer oportunidades para outras empresas do setor. Além disso, a MRV continuará sendo uma das principais impulsionadoras do Minha Casa Minha Vida, com lançamentos previstos para os próximos anos, especialmente em áreas voltadas para o público de menor renda.

O mercado de terrenos no Brasil está passando por transformações, e a MRV, com sua postura inovadora, pode ser um modelo de como as grandes incorporadoras estão adaptando suas estratégias para atender a um mercado cada vez mais dinâmico. A venda de terrenos, portanto, não apenas representa uma mudança interna na MRV, mas também pode influenciar tendências mais amplas no setor imobiliário brasileiro.