Uma pesquisa recente da Genial/Quaest, realizada entre 29 de novembro e 3 de dezembro, revelou um aumento significativo na percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto ao mercado financeiro. A credibilidade do arcabouço fiscal, um dos pilares econômicos do governo, também foi amplamente questionada pelos entrevistados.

Desgaste na imagem de Haddad

Desde o início do mandato, Fernando Haddad perdeu força política, conforme apontado por 61% dos entrevistados. Este número é substancialmente maior do que os 14% que tinham essa impressão em março. Além disso, a avaliação positiva do trabalho do ministro caiu para 41%, frente aos 50% registrados na pesquisa anterior.

O levantamento foi feito com 105 gestores, economistas, analistas e operadores de fundos de investimento, localizados principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses dados refletem a crescente insatisfação do mercado após o anúncio do novo pacote fiscal, apresentado pelo governo na semana passada.

Credibilidade do arcabouço fiscal em xeque

A pesquisa revelou que 58% dos participantes acreditam que o arcabouço fiscal perdeu toda a credibilidade, enquanto 42% consideram que restou pouca confiança na regra. O plano, que foi desenhado para reduzir o déficit fiscal e estabelecer limites de gastos, agora enfrenta sérias dúvidas sobre sua capacidade de sustentação.

Mais de um terço dos entrevistados (37%) prevê que o arcabouço fiscal só terá validade até o próximo ano, indicando uma possível necessidade de reformulação ou substituição a curto prazo.

Direção da política econômica preocupa

Outro dado alarmante diz respeito à direção da política econômica: 96% dos entrevistados consideram que o governo está avançando na direção errada, um salto significativo em relação aos 71% registrados na pesquisa de março. Este índice demonstra a insatisfação generalizada com as decisões econômicas tomadas até o momento.

Essa percepção de desalinho pode impactar diretamente na confiança de investidores e na estabilidade econômica do país nos próximos meses.

Expectativas econômicas para 2024

Apesar de resultados acima do esperado em indicadores de atividade econômica em 2023, o pessimismo domina as projeções para o próximo ano. Segundo o levantamento, 88% dos entrevistados acreditam que a economia irá piorar nos próximos 12 meses, uma disparada em comparação aos 32% que tinham essa visão em março.

As medidas de contenção de despesas públicas anunciadas pelo governo não foram suficientes para tranquilizar o mercado. Pelo contrário, reforçaram as preocupações com o controle fiscal e a sustentabilidade do orçamento.

Proposta de ampliação da faixa de isenção do IR

A proposta de aumentar a faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil foi um dos pontos mais criticados do pacote fiscal. Para 85% dos entrevistados, essa medida tende a prejudicar a economia. Ainda assim, metade dos participantes (50%) considera que há alta probabilidade de aprovação no Congresso Nacional.

Ao mesmo tempo, cresceu a percepção de que o governo tem baixa capacidade de aprovar sua agenda legislativa. Esse índice subiu de 23% para 39%, refletindo a dificuldade do Executivo em articular suas propostas no Legislativo.

Apostas do mercado e selic

O anúncio do pacote fiscal também resultou em mudanças estratégicas de investimento. Dois terços dos fundos consultados (67%) indicaram intenção de aumentar suas posições no exterior, buscando diversificar e proteger seus ativos.

No que diz respeito à política monetária, 66% dos entrevistados esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) acelere o ritmo de alta dos juros para 0,75 ponto percentual na próxima reunião. Além disso, um terço (34%) prevê que o ciclo de aperto monetário terminará com a taxa Selic acima de 14%.