Mercado financeiro fecha em leve queda com incertezas sobre política fiscal do governo
O Ibovespa encerrou a terça-feira com leve queda de 0,14%, influenciado pela cautela dos investidores em relação às políticas fiscais do governo.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou esta terça-feira em leve baixa de 0,14%, aos 127.693,32 pontos. O movimento reflete a cautela dos investidores diante das expectativas em relação às novas medidas fiscais que o governo deve implementar para alcançar o equilíbrio das contas públicas. Declarações recentes do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin sobre o compromisso com a responsabilidade fiscal reforçaram a importância do tema, e os agentes de mercado aguardam definições mais concretas.
Presidente Lula reafirma responsabilidade fiscal
Durante um evento em que oficializou o Dia Nacional do Maracatu, o presidente Lula ressaltou a necessidade de responsabilidade fiscal e destacou que o Executivo está comprometido com uma política econômica estável. Ele ressaltou que, para isso, é fundamental uma cooperação entre Executivo e Legislativo, especialmente em um momento em que a estabilidade das contas públicas se torna cada vez mais importante para garantir um ambiente econômico previsível e saudável.
Enquanto isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que está em viagem oficial no Azerbaijão, reforçou o posicionamento de Lula e afirmou que o governo se empenha em adotar uma política fiscal “rígida”, com o objetivo de alcançar o déficit primário zero. Segundo Alckmin, essa iniciativa fiscal seria um primeiro passo importante para reduzir a taxa de juros no país e garantir um crescimento econômico mais sólido a médio e longo prazo. No entanto, o mercado ainda espera detalhes mais específicos sobre as medidas a serem implementadas.
Essa postura de expectativa por parte dos investidores gerou uma leve queda no Ibovespa, que também foi impactado pelo aumento da cautela nas negociações, refletindo a preocupação de que uma falta de clareza sobre as próximas medidas fiscais possa aumentar a volatilidade no mercado brasileiro.
Banco Central alerta para riscos fiscais
Além das discussões sobre a política fiscal, o Banco Central do Brasil também contribuiu para o aumento da cautela no mercado ao divulgar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No documento, o Banco Central destacou que a sustentabilidade fiscal é essencial para evitar um aumento da taxa de juros neutra, o que impactaria diretamente o crescimento econômico e a estabilidade financeira.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, ressaltou que, sem um controle fiscal adequado, o cenário econômico pode se deteriorar, o que elevou os prêmios de risco na curva de juros futuros. Esse aumento reflete a percepção de risco entre os investidores, que esperam uma política fiscal mais ajustada para conter pressões inflacionárias e, assim, possibilitar um cenário de taxas de juros mais baixas a médio prazo.
Diante dessas expectativas, a curva de juros futuros sofreu ajustes, com uma elevação nas taxas em toda a sua extensão, sugerindo que os investidores já estão precificando um cenário de maior rigor monetário. Esse movimento indica que o mercado está preparado para uma eventual necessidade de intervenção mais enérgica do Banco Central, caso as metas fiscais não sejam cumpridas.
Petrobras e Localiza se destacam com alta no Ibovespa
Mesmo com o fechamento em queda do Ibovespa, algumas empresas conseguiram registrar desempenhos positivos durante o pregão. A Petrobras (PETR4) avançou 1,88%, em um cenário de estabilidade dos preços do petróleo no mercado internacional. A estatal, uma das principais componentes do índice, contribuiu para conter uma queda mais acentuada no Ibovespa, refletindo sua relevância no mercado nacional.
Outro destaque foi a Localiza (RENT3), que apresentou alta de 6,79%, após divulgar um desempenho financeiro positivo no terceiro trimestre, impulsionado pela expansão das operações de aluguel de veículos e venda de seminovos. Esse resultado acima das expectativas aumentou o interesse dos investidores, consolidando a posição da Localiza como uma das empresas mais valorizadas do dia.
Por outro lado, ações de outras empresas importantes, como a Vale (VALE3), registraram queda. A mineradora fechou com baixa de 2,27%, pressionada pela redução no preço do minério de ferro e pela incerteza em torno da demanda chinesa. Da mesma forma, ações do setor de varejo, como Magazine Luiza (MGLU3), encerraram o dia em queda, em parte por causa da pressão nas taxas de juros futuras, que afetam diretamente o consumo.
Maiores altas do Ibovespa hoje (12)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| RENT3 | +6.79% | R$ 45,46 |
| HAPV3 | +4.42% | R$ 3,31 |
| SBSP3 | +3.79% | R$ 95,55 |
| BRFS3 | +3.14% | R$ 24,97 |
| IRBR3 | +2.79% | R$ 43,48 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (12)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| COGN3 | -5.41% | R$ 1,40 |
| GOAU4 | -5.05% | R$ 10,90 |
| SMTO3 | -4.23% | R$ 24,24 |
| CMIN3 | -3.81% | R$ 5,55 |
| GGBR4 | -3.77% | R$ 19,68 |
Dólar estável e juros futuros em alta
O dólar comercial encerrou o dia estável, cotado a R$ 5,77. A moeda apresentou certa volatilidade durante o dia, mas permaneceu próxima do valor de fechamento anterior, em um cenário de expectativa quanto às políticas fiscais. A estabilização do câmbio reflete a expectativa dos investidores em relação ao futuro da política econômica no Brasil e nos Estados Unidos.
Já os juros futuros registraram alta em todas as suas pontas, evidenciando o aumento na cautela dos investidores. O mercado precificou um prêmio de risco mais elevado na curva de juros devido às incertezas quanto ao compromisso do governo com o ajuste fiscal, o que pode influenciar diretamente na trajetória das taxas de juros e nas decisões de investimentos no curto e longo prazo.
Bolsas americanas caem enquanto investidores aguardam dados de inflação
No cenário externo, as bolsas norte-americanas também apresentaram um desempenho negativo, com os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fechando em queda. A baixa foi motivada pela expectativa dos investidores quanto à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI), que deverá ser divulgado nos próximos dias. Esse dado é fundamental para determinar os próximos passos da política monetária do Federal Reserve e influencia as projeções globais de crescimento.
A reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos também trouxe uma dose adicional de incerteza para os mercados internacionais. Os investidores seguem atentos às políticas econômicas que poderão ser implementadas, principalmente em termos de estímulos à economia, o que pode afetar tanto o mercado americano quanto os fluxos financeiros internacionais.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
| Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
| 🇧🇷 Bovespa | 127.698 | -175 | -0,14% |
| 🇧🇷 USD/BRL | 5,7490 | -0,0064 | -0,11% |
| 🇺🇸 S&P 500 | 5.983,99 | -17,36 | -0,29% |
